Quantcast
Channel: vem aqui rapidão
Viewing all 172 articles
Browse latest View live

"Antes de dormir", de S. J. Watson – livro e filme

$
0
0

Tess Gerritsen, autora de thrillers famosos como O cirurgião, Jardim de Ossos e Desaparecidas (que resultaram numa série baseada na dupla de detetives: Rizzoli & Isles) escreveu, como consta na capa, que Antes de dormir é simplesmente o melhor romance de estreia que ela já leu. Olha, Tess, Antes de dormir é muito bom mesmo, mas você tá precisando ler mais romances de estreia pra melhorar essa concepção.

Lembra daquele filme bonitinho do Adam Sandler (é, às vezes ele acerta) com a Drew Barrymore, chamado Como se fosse a primeira vez? Então. Antes de dormir é mais ou menos aquela história, trocando o gênero comédia romântica por suspense. O livro é narrado por Christine Lucas, uma mulher de meia idade que, após sofrer um trauma grave, adquire um tipo incomum de amnésia: ela consegue reter informações durante um dia inteiro, mas, ao dormir e acordar nas manhãs seguintes, continua encarando seu marido – Ben – como um estranho. Christine então descobre, através de seu médico, que mantém um diário para não perder o que acontece em sua vida. Mas, para sua surpresa, ao passar a primeira página, a primeira frase que lê é "não confie em Ben".

S. J. Watson tem muitos méritos por agarrar a dificuldade de mostrar um personagem acordando todos os dias sem saber onde e com quem está e conseguir manter uma atmosfera de suspense contínua, sem ficar cansativo. Usar o diário como parte da narrativa do livro e como forma da Christine passar os dias se descobrindo aos poucos ajuda a dar fluidez, ainda que algumas situações e pensamentos da personagem fiquem um pouco repetitivos - o que acho coerente com o que está acontecendo.

As interações de Antes de dormir se dão basicamente entre Christine e Ben e Christine e o dr. Nash e mesmo assim você vai querer devorar página por página para saber a verdade sobre o passado dela, se o que Ben conta é verdade ou não, quem pode estar enganando Christine e se, vai que, na verdade é ela que está desbirocando e paranoica com tudo. Confesso que a resposta para um dos maiores mistérios do livro não é tão imprevisível, mas a forma como ela se revelou me pegou tão de surpresa que fiquei sem fôlego. Amarrando o caminho até esse ponto com mais artimanhas e Antes de dormir teria ganhado mais alguma estrelinha da minha parte.


A adaptação cinematográfica

Em 2014 saiu um filme baseado no livro, com Nicole Kidman e Colin Firth, que eu assisti em seguida (também se chama Antes de dormir). Entendo que realizaram algumas mudanças que fizessem a história funcionar melhor na tela, como trocar o diário por uma câmera fotográfica que filma, mas a adaptação ficou bem confusa. Tudo acontece muito rápido e há muitos furos que ficam melhor tapados nas páginas. A impressão final é que tentaram fazer de tudo pra que a gente, público, acreditasse que todas as coisas faziam perfeito sentido.

Ponto positivo: Nicole Kidman está ótima. E ela consegue sorrir sem que o botox atrapalhe suas feições.


"Como eu era antes de você": bonitinho, mas ordinário

$
0
0

Se você estiver procurando a publicação sobre o LIVRO, e não o filme, clique aqui.

Adaptado do best-seller de Jojo Moyes, Como eu era antes de você traz Emilia Clarke no papel da protagonista Louisa "Lou" Clark, uma jovem de 26 anos sem maiores perspectivas de vida que arranja emprego como cuidadora do tetraplégico Will Traynor (Sam Claflin), cuja condição foi responsável por deixá-lo, com o passar do tempo, amargo e infeliz.

Sobre a fidelidade em relação à obra original, tá todo mundo de parabéns. Roteirizado pela própria Moyes, o filme é praticamente um resumo do livro, com muitas falas preservadas, cenas marcantes e a linha divertida, apesar de parte da história se revelar um drama delicado sobre um tema espinhoso (falarei mais pra frente, com spoilers). Emilia Clarke está adorável e engraçada como Lou, sem qualquer sombra de Daenerys Targaryen, personagem que a tornou tão famosa em Game of Thrones. Mesmo quando Lou se via sem saída em algumas situações, foi impossível imaginá-la mandando um DRACARYS. Sam Claflin também faz um bom trabalho como Will, sarcástico e distante na medida certa, vulnerável quando tem que ser, trazendo à tona o sofrimento, resignação e tristeza do personagem. Quanto à química entre os dois, não tenho do que reclamar.

Nunca pensei que sobrancelhas pudessem ser tão expressivas.

Mas ordinário?

(Alerta de spoilers)

Sim, o filme é fiel ao livro, é gracinha e me fez derramar umas lágrimas bem das grossas (preciso dizer que jogaram sujo tacando música do Ed Sheeran no meio da cena). No entanto, não é uma obra memorável; ao contrário, é bem formulaica justamente por seguir o passo a passo de um romance que conquista multidões (principalmente as femininas, vamos combinar).

A gente deseja que o casal fique junto. O timing cômico foi melhor do que eu esperava (me peguei gargalhando em uma cena em particular envolvendo corrida de cavalos). Mas senti falta de dois pontos: primeiramente, achei que não ficou tão evidente quanto no livro a forma como Will foi importante pra Lou decidir aproveitar melhor sua vida, expandir os horizontes e se tornar uma pessoa mais segura de si. Principalmente porque é disso que trata o título "Como eu era antes de você"– eu, Lou, antes de conhecer Will. Segundo, que o tal tema espinhoso – a eutanásia – não é abordado com profundidade.  Você pode argumentar "ok, não era a vibe do filme, e nem mesmo o livro navegou por essas águas". E eu direi que você tem razão. Mas poderiam ser melhor explorados o dilema de Will, a questão direito de viver x obrigação de viver, o porquê de ele estar tão decidido a partir, mesmo com todo dinheiro e acesso a uma qualidade de vida que muitos na mesma situação não teriam e, ainda assim, escolhem ficar.

De qualquer forma, não cabe a ninguém julgar as escolhas do personagem. Nem é o foco, acho.
No fim das contas, o que importa perceber de Como eu era antes de você é que amar alguém é deixá-la livre. E é isso, definitivamente, o que mais gostei.




"A garota no trem" e o thriller psicológico feijão & arroz

$
0
0

Tenho uma suspeita de que, depois de obras como "A menina que roubava livros", "A menina que não sabia ler" e "A menina que brincava com fogo", novos autores começaram a achar que um dos passos da fórmula para o sucesso é enfiar um menina ou garota no título de seu livro. Talvez seja o caso de Paula Hawkins e sua garota no trem. Talvez.

De qualquer forma, o sucesso veio. A leitura fácil atraiu um grande público. O romance vendeu mais de 4 milhões de exemplares. Mas livros fáceis de se ler não significam, necessariamente, que sejam bons. Muito menos estar entre os mais vendidos. 50 tons de cinza taí pra todo mundo entender. Não que A garota no trem seja ruim, só não é o tipo de obra que te marca – é bom para passar o tempo, igual filme que você zapeia na TV a cabo, assiste, se diverte, e em seguida o esquece.

"Você não sabe quem ela é, mas ela conhece você", diz a capa do livro a respeito da nossa garota (que está mais pra uma mulher trintona). Não é bem assim, não. Rachel pega o mesmo trem de Ashbury para Londres todos os dias. Em determinado trecho, ele para no sinal vermelho. E é de lá que Rachel sempre observa a casa de número 15 e seus dois habitantes, um casal apaixonado que ela chama de Jess e Jason. Num belo dia, nossa garota-mulher observa, segundo a sinopse do livro, uma cena chocante (que de chocante tem porrãn nenhuma); e aí, pouco tempo depois, descobre que Jess – na verdade, Megan – está desaparecida.

"Se você gostou de Garota exemplar, vai devorar esse thriller psicológico", diz outra frase na capa do livro, e tudo o que posso responder é BITCH, PLEASE. Não li Garota exemplar, mas vi o filme, o que me dá noção suficiente pra discordar. Ok, ok, mal passei da sinopse e já enterrei sua vontade de ler A garota no trem, né? Não era minha intenção. Como eu disse, ele tem suas qualidades. É um livro, sim, devorável. O suspense em torno do desaparecimento da Megan é bem mantido, assim como os mistérios que abrangem outros personagens que podem ou não estar envolvidos na história. Minha crítica é que isso tudo não tem nada de sensacional, mas o marketing de A garota no trem vende como se fosse a última bolacha (digo, biscoito) do pacote.

Vamos ignorar o fato de que uma mulher irrelevante desaparecida vira notícia nacional. Creio que nossa garota, Rachel, é uma protagonista que divide opiniões: uns querem dar uma bofetada em sua cara, outros sentem pena e apenas esperam que as coisas melhorem pra ela. Rachel deixa de se ver como mera espectadora da vida do casal que observava e passa a fazer, de certa forma, parte importante da investigação do caso. O livro é contado sob três pontos de vida – o dela, o da própria Megan e o da esposa do ex-marido da Rachel (ah, sim, eles são os outros personagens não-carismáticos) –, fornecendo perspectivas diferentes dos dias que antecederam o desaparecimento e a dinâmica da rotina de quem foi afetado por ele. Imagino que a intenção de Hawkins tenha sido mostrar que ninguém é o que parece ser, mas olha, colega, faltou força. A revelação por trás do(a) culpado(a) pelo que aconteceu com Megan me soou um show de horrores cafona à parte, com direito à tipica cena de vilão que faz todo mundo de refém e revela como executou seu plano maligno. Uma revelação nada surpreendente, aliás, que envolve reviravoltas bobas, incapazes de terem me deixado tensa em qualquer momento.

"Um thriller psicológico que vai mudar para sempre a maneira como você observa a vida das pessoas ao seu redor". Nah. Quem sabe numa próxima. Ou, quem sabe, a adaptação para o cinema se dê melhor nessa missão – a Universal comprou os direitos (se deu bem, heim, Paula Hawkins) e já produziu um longa com Emily Blunt no papel principal (jamais adivinharia), que deve estrear no Brasil ainda neste ano.




DOIS filmes de terror decentes e UM ótimo

$
0
0

Quem ama filmes de terror sabe como é difícil hoje em dia encontrar um decente. Ótimo, então, é pra glorificar de pé. Às vezes é bom sairmos da zona de conforto da indústria hollywoodiana e procurarmos longas em outros cantos, que possivelmente vai sair coisa boa, como é o caso de dois filmes da Coreia do Sul que venho indicar hoje.


HUSH - A morte ouve


Vamos ignorar esse complemento podre "A morte ouve" do título brasileiro? Vamos. Hush é dirigido pelo jovem and promissor Mike Flanagan, que fez filmes como O espelho, O sono da morte (com o fofíssimo Jacob Tremblay, de O quarto de Jack) e já está na equipe de Ouija 2 - Origem do mal. Em Hush, conhecemos Maddie, uma escritora surda-muda que vive sozinha em uma casa no meio de um campo cheio de árvores sinistras e sem segurança alguma. Num belo dia, um doente sádico mascarado resolve aparecer por ali com um objetivo muito simples: matar Maddie. Assim, por diversão.

Já deu pra perceber que o lance aqui é a peculiaridade da protagonista, né? Ao contrário dos incontáveis filmes de terror em que temos a mocinha gostosa e burra tentando fugir de um assassino, Hush nos apresenta, graças a Deus, a uma personagem sagaz que tenta sobreviver a uma noite enquanto dribla sua condição de surda-muda. Mas, mesmo ela sendo sagaz, é bem provável que você passe o filme bancando o flanelinha de ações: ATRÁS DE VOCÊ!, NÃO VOLTA!, CUIDADO!, COOOOORRE DESGRAÇA, IIIIISSO GAROOOUTAR! Muita aflição, migues.

Hush tem nada mais, nada menos, que 100% de aprovação no Rotten Tomatoes (tudo bem que são apenas 13 críticas). E tá no catálogo da Netflix. Ou seja, marca aí na agenda pra assistir. :)



Medo


Topei com Medo depois que alguém me indicou o remake dele, disponível na Netflix, chamado O mistério das duas irmãs. Ainda não vi esse, mas decidi que a obra original deveria vir primeiro. Dirigido por Kim Jee Woon, esse filme sul coreano conta a história de duas irmãs muito unidas que voltam para casa após passar um tempo em um internato. Elas são recebidas de braços abertos pela madrasta, que logo depois se mostra uma mulher cruel. A partir daí, coisas estranhas, sobrenaturais e mutcho loucas começam a acontecer.

Medo foi, como dizem?, uma grata surpresa. Achei as atuações de todo mundo, sem exceção, ótimas. O ritmo é um pouco lento, intensificando a atmosfera de suspense e tensão, e, à medida em que a rotina da casa fica cada vez mais confusa ("QUE PORRA É ESSA?"), você entende que tem uma charada pra decifrar.



Eu vi o diabo


Eu vi o diabo também é dirigido por Kim Jee Woon e MANO DO CÉU, esse filme... olha, nem sei por onde começar. Talvez ele não seja terror, talvez não seja suspense ou talvez se enquadre apenas como uma versão coreana do estilo Tarantino de ser. Só sei que é preciso preparar o estômago pra muito, MUITO sangue e violência.

A história é: a noiva de um agente secreto é morta por um serial killer (vivido maravilhosamente por esse cara da foto que não sei falar o nome porque é em coreano e fica difícil decorar) (que também é protagonista de Old Boy). Cego pela fúria, ele começa a investigar os possíveis suspeitos do crime, até finalmente identificar o culpado. Mas, ao invés de matá-lo, resolve pôr em prática uma terrível e lenta vingança.

Terrível e lenta vingança. Ahhh, que delícia. Só que o assassino não é burrinho, e também vai fazer nosso mocinho sofrer um pouco, principalmente emocionalmente falando. A direção é um primor, a trilha e fotografia são ótimas e o final traz uma tristeza e melancolia muito coerentes com o desenvolvimento da vingança, mesmo dentro de um ritmo intenso de crueldade.  

É difícil esquecer a cena do táxi depois.


3 séries policiais que você precisa assistir

$
0
0

Não sei em que momento me transformei nessa pessoa que fala de séries no blog e que fica semanas sem assistir a um filme. Mas essa é a verdade, amigos e vizinhos. Nos últimos tempos, fui capaz de passar fins de semana de pijama, óculos e cabelo sujo, vivendo à base de sorvete e Ruffles com molho barbecue. Tudo, ao menos, trazendo boas consequências: paixonite por novos personagens e um post-recomendação feito com carinho. <3


THE KILLING


"Quem matou Rosie Larsen?"é a pergunta que sustenta boa parte das temporadas de The Killing. Trata-se de uma obra baseada na série dinamarquesa Forbrydelsen (não assisti, mas amigos que viram as duas acham The killing superior, mesmo sendo uma espécie de remake americano) que acompanha o dia a dia da investigadora-chefe Sarah Linden e seu parceiro Stephen Holder, que, apesar de suas gritantes diferenças, unem esforços para desvendar crimeshorrendos. A química entre os dois é maravilhousarrr, e acho que um complementa o outro de forma perfeita. É incrível como The Killing consegue desenvolver tão bem os personagens principais e seus dramas pessoais. Linden, por exemplo, é fria, sem um pingo de senso de humor, rígida consigo e com os outros e um tanto negligente com o filho, mas o público torce pra que as coisas deem certo pra ela de toda forma (se você não torceu, sai daquiiiii). Ao mesmo tempo, arma o terreno pro crime em questão, insere os  personagens secundários de forma brilhante, nos envolve com eles, e encaminha episódio após episódio pra desfechos que fogem totalmente do óbvio.  

The killing tem quatro temporadas no total, mas o engraçado é que a AMC cancelou a série após o fim da terceira (POR QUÊ? Não sei, não faz sentido). Aí, nossa amada, idolatrada e poderosa Netflix a pegou no colo e fez o quê? Sim, produziu a última temporada, sem deixar a desejar hora alguma, e lançou tudo na plataforma. Motivo suficiente pra gente acender umas velas em gratidão – eu, principalmente, porque a história de Linden & Holder virou uma das minhas favoritas da vida.


BROADCHURCH


Arrasada (no bom sentido) com o fim de The killing e órfã, logo recebi várias recomendações pra assistir Broadchurch. A série britânica foca numa pequena e pacata cidade da Inglaterra (chamada Broadchurch) onde acontece um crime que choca os moradores: o assassinato de um garoto de 12 anos. Para comandar a investigação, o  experiente detetive Alec Hardy (conhecido como um dos Dr. Who)é convocado de outra região para duplar com a policial do local, Ellie Miller (interpretada por uma atriz que eu não conhecia, Olivia Colman, que está SENSACIONAL).

Como a ambientação é aquela típica cidade de interior, é comum a maioria dos personagens se conhecer e interagir entre si ao longo dos episódios. Logo na primeira cena, um belo plano sequência, vemos o pai do menino morto caminhar pela rua e cumprimentar várias pessoas que o telespectador vai conhecer em breve, nos mostrando que qualquer um deles poderia ser o assassino. E Broadchurch faz isso muito bem, levantando um pouco da vida de cada um e plantando a sementinha da desconfiança na nossa cabeça. Caraca, só pode ter sido ele! Não, pera, e aquela mulher ali? Muito estranha, tá escondendo alguma coisa. Putz, nada a ver, aposto que é o padre!

Gostei muito de como trabalharam a questão da mídia distorcer informações e levar uma população a não questionar sobre determinado fato, prejudicando a vida dos envolvidos e esfregando a hipocrisia das pessoas na nossa cara (há desdobramentos sensíveis sobre isso). Visualmente a série é lindíssima (que fotografia!), o suspense é muito bem amarrado e a revelação das circunstâncias do crime surpreende, mas há quem ache que as motivações tenham sido fracas. Acredito que a segunda temporada não foi tão coesa quanto a primeira, mas ainda assim mantém o bom nível. Dizem que virá uma terceira e última temporada em breve, então, enquanto não temos confirmações, aproveita pra caçar os torrents das outras (buá, não tem na Netflix, mas você conhece o Stremio?).


THE FALL


Reconhece esse mocinho da foto? Christian Grey, galã mela-calcinha de adolescentes e molieres maduras da trilogia 50 tons de cinza, com as mesmas tendências a amarrar mulheres na cama. Mas, anotem, com uma diferença: ele as mata depois. E não, isso não é um spoiler, porque o enredo de The fall não busca fazer você tentar adivinhar o criminoso: a série já o apresenta no primeiro episódio, uma vez que seu objetivo é contar uma história de investigação sob os pontos de vista do assassino e da polícia.

Jamie Dornan é Paul Spector, um sociopata serial killer gacto que sente prazer em tirar a vida de mulheres aparentemente bem sucedidas; uma fantasia muito bem escondida sob a fachada de marido e bom pai para seus dois filhos. Enquanto ele tenta dar continuidade aos seus crimes, a investigadora londrina Stella Gibson, vivida por uma es-ton-te-an-te Gillian Anderson (a eterna Scully de Arquivo-X), é escolhida para chefiar a equipe de detetives que procura pistas de sua identidade. Com um ritmo lento, porém instigante, The fall nos insere no dia a dia dos dois personagens até seus caminhos se cruzarem, culminando numa atmosfera inevitavelmente tensa. And, não menos importante que a narrativa eficiente, é a vibe superfeminista lacradora presente nos episódios e manifestada principalmente pela Stella: ela é um ótimo exemplo de personagem feminina forte, algo que só recentemente foi ganhando mais espaço e destaque nas produções. Segura, corajosa, independente, inteligente – em suma, FODA –, Stella protagonizou cenas com diálogos empoderadores que, inclusive, já vi rolando em compartilhamentos no Facebook sem saber sua origem.

 

 
"É isso o que realmente te incomoda, né? Ficar uma noite só. 
Homem fode mulher. Sujeito: homem; verbo: foder; objeto: mulher. Isso é ok. 
Mulher fode homem. Sujeito: mulher; objeto: homem. Isso não é tão confortável pra você, não é?"


"A mídia adora dividir as mulheres entre virgens e sedutoras, anjos e putas. Não vamos encorajá-los."


 

 
"Uma mulher, esqueci quem, uma vez perguntou para um amigo homem por qual motivo os homens se sentiam ameaçados por mulheres. Ele disse que tinham medo que as mulheres rissem deles. Quando ela perguntou para um grupo de mulheres por qual motivo elas se sentiam ameaçadas por homens, elas disseram: 'nós temos medo que eles possam nos matar'."


SEGURA ESSA MARIMBA, MONAMÚ

Coisa boa pra quem tem preguiça de começar série nova de muitos episódios: The fall tem só 11 (5 na primeira e 6 na segunda temporada), e tudo já na Netflix. A terceira e última deve chegar neste ano, já que a série foi cancelada pela BBC Two, mas sem previsão por enquanto de lançamento no Brasil pela plataforma.

Mr. Mercedes: o primeiro volume da trilogia policial de Stephen King

$
0
0

O que veio primeiro, o ovo ou a galinha? (-q)
E o homem? Nasce mau ou o meio o corrompe?

Há muito (muito) tempo, Rousseau e Hobbes defendiam perspectivas diferentes pra responder a essa pergunta. O primeiro dizia que o homem nasce bom, mas em contato com a sociedade – que é má –, torna-se mau. Já o segundo pregava o contrário: ele nasce mau, e a sociedade tem o papel de educá-lo, humanizá-lo e torná-lo sociável.

Não sei se o mundo chegou a uma conclusão quanto a isso, mas Stephen King pareceu estar inclinado para a segunda opção enquanto construiu o vilão de seu novo livro, lançado neste ano no Brasil. Com o detalhe que a sociedade não conseguiu transformá-lo, claro.

King mais uma vez nos mergulha em uma trama cheia de personagens complexos e críveis, mesmo que alguns deles morram logo nas primeiras páginas. Assim começa a história de Mr. Mercedes: em uma madrugada fria de uma cidade do Centro-Oeste, centenas de pessoas são atropeladas por um Mercedes enquanto aguardam em fila por uma vaga numa feira de empregos. O criminoso, conhecido como Assassino do Mercedes, escapa ileso do local e da investigação do então detetive Bill Hodges, que, mais de um ano depois e já aposentado, sente-se atormentado por não ter conseguido concluir o caso. Ele só não esperava que fosse voltar a seguir pistas depois de uma carta enviada pelo próprio vilão, sugerindo uma possível nova matança.

Mr. Mercedes é o volume I da trilogia Bill Hodges – composta também por Achados e perdidos e O último turno, que ainda não li – e nos apresenta à sina do ex-detetive Hodges atrás da identidade do criminoso, enquanto nós, leitores, já a conhecemos desde o início. Nesta primeira experiência como escritor de romance policial, Stephen King cria um paralelo mocinho x bendito bandido, nos inserindo na mente insana do psicopata Brady Hartsfield. O carinha, com um complexo de Édipo distorcido capaz de fazer Freud se remexer na poltrona, gosta de passar despercebido na multidão. Cínico, manipulador e incrivelmente humano, nosso monstro-homem é movido pelo prazer doentio de causar sofrimento às pessoas. A título de curiosidade: King, ao criar o universo a que pertence Brady, fez uma pequena homenagem a Freddy Krueger, personagem que virou ícone do gênero terror no cinema: Brady mora na Elm Street ("A nightmare on Elm Street", lembram?) e trabalha como motorista de um carrinho de sorvete, da mesma forma que Freddy fazia nos filmes pra atrair suas vítimas.      

Como de costume nas obras de King, a história se desenrola sem pressa, porém nem um pouco maçante, amarrando os caminhos de Bill, (as pessoas que aparecem no caminho e que serão fundamentais para o desfecho) e do Mr. Mercedes até que eles finalmente se cruzem: um disparo de cenas eletrizantes dignas de filme de ação. Bom, na vida real todo o livro está sendo digno é de seriado (:-P): está prevista para estrear em 2018, pela Audience Network, uma adaptação em 10 episódios. Êeee! Brendan Gleeson, mais conhecido como o Olho-Tonto Moody da franquia Harry Potter, já está confirmado como Bill Hodges. Já o papel de Brady Hartsfield havia ficado com Anton Yelchin, de Star Trek, mas quem acompanha marromenos as notícias do mundo cinematográfico sabe que ele faleceu recentemente em um acidente antes de finalizarem a pré-produção. :-(

Aguardemos. Até lá, dá tempo de todo mundo ler.


Stranger things é amada pela nostalgia, não pela originalidade, e não há nada de errado nisso

$
0
0

Stranger things, nova série original da Netflix que estreou no dia 15 de julho, é a sensação do momento. Se você vive em outro planeta, explico: ambientados em 1983 em uma cidadezinha do Indiana, os episódios contam a história das crianças Mike, Dustin e Lucas, que saem em busca do amigo Will, desaparecido após entrar em contato com uma misteriosa (e asquerosa) criatura, enquanto o chefe de polícia monta uma investigação e descobre experiências secretas conduzidas pelo governo numa base militar. Tudo com muita, MUITA referência a filmes dos anos 1980, emocionando toda uma geração que viveu a infância nessa década e na seguinte.

A atmosfera de suspense e a ótima construção de personagens fazem a série funcionar muito bem. Ponto para os irmãos Duffer – produtores, criadores e diretores de Stranger things. Mas é de se confessar, mesmo com a facilidade de concluir a série numa só sentada, que há alguns furos, resoluções bem previsíveis e altos clichês envolvendo principalmente o núcleo adolescente da série. Sabe o que isso significa na hora da gente avaliar o todo? Nada. Que essas coisas se fodam, porque a gente quer ver, sentir e se apaixonar pela nostalgia vendida desde o primeiro trailer. E não tem nada errado nisso.

Tudo é muito evocativo em Stranger things. Desde o cartaz com visual bem oitentista, a tipografia em neon e a trilha sonora que remete totalmente aos trabalhos de John Carpenter, famoso pela direção e música do clássico de terror Halloween. A homenagem que a série faz ao período também abraça com força Steven Spielberg e filmes como Os goonies, Conta comigo e E.T – O extraterrestre.


Olha pra Drew Barrymore e pra personagem Holly, de Strangers. A roupa, as maria-chiquinhas. Pelo amor de Deus, passo mal. Depois de um certo tempo, não sei se comecei a enxergar referência em tudo quanto é lugar, mas em determinada cena que envolve as crianças fugindo de bicicleta dos veículos do governo, eu praticamente esperei que elas voassem com uma lua cheia no background. Em outro momento, em que uma das personagens assiste vidrada a um comercial da Coca-Cola, por mais que os contextos fossem totalmente diferentes, lembrei muito de quando o E.T fica bêbado sozinho em casa e zapeia a TV.

E isso aquiii? Tô precisando me acalmar? Tô.
Mas, definitivamente, o que mais gostei em Stranger things é o quanto ela me lembrou, em muitas passagens, deA Coisa – meu livro favorito, e que também virou filme, chamado aqui de IT – Uma obra-prima do medo. Aliás, citações a Stephen King também não faltaram por lá. A história do best-seller se passa na década de 1960 e 1980; tem como protagonista um grupo de crianças que se chamam de fracassados/perdedores e cuja força motora é a amizade, assim como na série; tem os valentões que praticam bullying; a perda da inocência; uma criatura mortalmente perigosa para combater e, pra completar, o ator que interpretou o personagem Mike está escalado para o remake de IT. STRANGER THINGS, VOCÊ ESTÁ FAZENDO UM JOGO COMIGO, GURRRL?

A interpretação das crianças é um show à parte: naturais, convincentes, carismáticas. Provavelmente a que mais vai chamar a atenção aqui é a Millie Bobby Brown, quem dá vida à personagem que chamam de Onze. É impressionante como ela consegue expressar tantos sentimentos só com o rosto, em especial os olhos, já que Onze tem poucas falas durante a série. Ela é o nosso E.T em Stranger Things: alguém que chega pra mudar a dinâmica das relações, quem faz os eventos girarem em torno de si e tem um papel muito importante na história toda. Achei os adultos menos destacáveis, com exceção de Winona Ryder (sdds!), que está ótima como Joyce Byers, mãe do garoto desaparecido.

A Netflix já confirmou a segunda temporada de Stranger things, mas eu sinceramente tenho até medo de estragarem o que está quase impecável. Só espero que os irmãos Duffer tenham previsto o desdobramento desde o começo e que os futuros novos episódios tragam ainda mais referências nostálgicas pra gente se deliciar.




Clube dos Fracassados 2.0

$
0
0

Eu ainda não sei usar máscara pra aquarela, não sei acertar sombra e luz e não sei digitalizar a ilustração, mas é aos poucos que a coisa pega no tranco. :)

Sigam novas ilustrações no Instagram: @ilustremanu

Filmes da semana #8: pra assistir na Netflix

$
0
0

Oi, gente bonita e cheirosa. Nossos 3 filmes da semana são esses: um suspense ótimo, um documentário imprescindível e, olha, o terceiro particularmente não é uma indicação.


O convite


Andei lendo umas coisas sobre Karyn Kusama, a diretora desse lançamento da Netflix. Parece que as coisas não são fáceis para diretoras mulheres em Hollywood, e pra Kusama foi menos ainda. Digamos que ela agarrou com todas as forças a oportunidade de dirigir Aeon Flux, um filme de ação meio sci-fi meio psicodélico que não assisti, mas que aparentemente foi detonado pela crítica. Nem Charlize Theron como protagonista salvou. Anos mais tarde voltou à ativa com Garota infernal, outro fiasco, uma obra com algumas promessas por ter sido roteirizada por Diablo Cody, quem tinha acabado de ganhar um Oscar por Juno. Pobre Kusama. Comeu o pão que a indústria cinematográfica machista amassou, afastada de qualquer projeto decente, até que ressurge das cinzas com o maior close certo lançando a produção independente O convite. E posso dizer que esses anos de reclusão foram bons pra você, Karyn Kusama. VAI QUE É TUA, MULHER!

Poucos filmes recentes me deixaram TÃO tensa quanto esse. É suspense com S de Sadia maiúsculo. A história é vivida por Will, um cara que certamente é o sósia do Tom Hardy, que é convidado para um jantar na casa da ex-esposa, quem não vê há dois anos e está completamente diferente, junto de seu novo marido. Acompanhado da atual namorada, Will reencontra amigos antigos e abre algumas feridas deixadas pelo fim do relacionamento, ao mesmo tempo que passa a desconfiar de que algo muito, muito estranho está acontecendo na casa.

 A forma como Kusama nos coloca na pele de Will é admirável. Através dos olhos dele, a gente encara a situação sempre com um pé atrás: uma mulher nua e claramente com um parafuso a menos aparece no corredor; uma porta é misteriosa e desnecessariamente trancada; algo inusitado e bizarro acontece em um jogo de Eu nunca; comprimidos estranhos são encontrados em uma gaveta. Somos, quase o tempo inteiro, levados a crer que tem gente tramando uma merda bem fedida e perigosa nesse jantar. E eu digo quase porque, sabiamente, a diretora trabalha cenas que colocam em cheque a sanidade de Will e a nossa própria capacidade de percepção. Eu achei fantástico. "Isso que ele tá achando, é verdade ou não? Há mesmo perigo ou ele está imaginando coisas? Coitado, ele tá todo fodido, tá dando pena, tem nada disso".

Provavelmente este será o maior texto deste post, mas vou finalizar: as atuações são bem executadas, principalmente a do Logan Marshall-Green (o Will); a fotografia é bastante inteligente, trazendo detalhes pra cena que aumentam a atmosfera de tensão e desconfiança em um jogo interessante de luz e sombra; e a trilha sonora é mega inquietante e provocativa, mas sem jamais roubar a atenção toda pra si, como acontece geralmente em filmes enlatados do gênero.



A máscara em que você vive


Mais frágil que cristal, mais delicada que uma flor, mais superestimada que os Beatles.
Sim, ela mesma: a masculinidade.

Não faz muito tempo, indiquei aqui um documentário (também disponível na Netflix) chamado The hunting ground. Nele, acompanhamos histórias de estudantes estupradas e abusadas em campi americanos, a omissão das universidades e da própria sociedade e toda a cultura do estupro num geral, gerando um maravilhoso debate sobre patriarcado e feminismo. Em A máscara em que você vive – um novo documentário dirigido e produzido por mulheres –, o machismo é o cerne das discussões, porém voltado para a realidade masculina.

Recheado de entrevistas com homens, mulheres, psicólogos, antropologistas e outros estudiosos, a obra debate a construção da masculinidade, sua supervalorização, a forma como criamos nossos meninos para a sociedade e como isso os prejudica ao longo da vida, já que é um modelo baseado e violência e dominação (principalmente sobre mulheres, que são zilhões de vezes mais prejudicadas).  Se você acha que masculinidade e feminilidade não são algo construído culturalmente, A máscara em que você vive vai derrubar essa ideia. Sem dúvida alguma, um documentário absolutamente necessário, que deveria ser exibido no maior número de lugares possível, para quem sabe, um dia, nossos meninos possam crescer emocionalmente saudáveis numa sociedade mais respeitosa entre os gêneros.



SENTIDOS DO AMOR


Polêmica. Chama os bombeiros. Sentidos do amor (Perfect sense no original, pelo amor de Deus) aparentemente é um filme adorado pelo público que é chegado num romance. Não que seja parâmetro de qualidade, mas tem 4.1 estrelas no Filmow e nota 7.1 no IMDb e no Metacritic. Já os críticos não concordam muito entre si. Acontece que o encontrei numa dessas listas de "20 filmes perfeitos escondidos na Netflix" e achei a sinopse deveras intrigante: Susan, uma epidemologista traumatizada pelo fim de um relacionamento ruim, se apaixona por Michael, um chef de cozinha que trabalha em um restaurante em frente ao seu apartamento. Poderia ser uma história de amor comum, mas ela é vivida sob um pano de fundo específico: uma epidemia global que faz as pessoas perderem, pouco a pouco, seus sentidos: olfato, paladar, visão e audição.

Falei: É ESSE, DÁ O PLAY, MACACO. Porém, a decepção não demorou a chegar. Sentidos do amor simplesmente não me satisfez. "Sem amor não há nada", diz a frase que embala a capa do DVD comercial. Quer dizer, tipo assim, imagine um mundo onde todos cheguem ao ponto de não poder enxergar, nem ouvir, nem falar, nem cheirar. De cair o cu da bunda, pois é, então realmente se você tiver alguém que ama com você, mesmo nesse contexto merda, é um alento. Mas Sentidos do amor jamais chega a te envolver na história; é tudo tratado com uma superficialidade que te faz esperar por um mergulho profundo que nunca chega. Não funcionou como romance, nem como drama apocalíptico-catastrófico e, se teve alguma crítica social disfarçada no lance da epidemia, eu não pesquei.

Achei de uma conveniência bem incômoda um personagem que trabalha justamente com comida, em uma sociedade em que as pessoas perderam a capacidade de sentir o gosto dela. E elas tentam viver normalmente, entre uma cena filosófica e outra que divaga sobre a vida, quando na realidade seria impossível levarem tão na boa assim. OK, GALERA, TEM UMA PRAGA MISTERIOSA ACOMETENDO O MUNDO, MAS BORA SEGUIR EM FRENTE. Imagine pessoas sem olfato e paladar, num restaurante, conversando por meio de linguagem dos sinais. Comendo sabonete durante o banho, fazendo piadas. Não dá, não comprei. Ou melhor, não me compraram.

Acho que o único momento que me tocou foram os últimos segundos do filme, que até me levaram a refletir sobre o que aconteceria depois. E só. Sentidos do amor realmente tem uma ideia boa, mas foi desperdiçada.


(meia estrela porque tem a Eva Green pra gente admirar)

Não consigo parar de ouvir Tall Heights

$
0
0

Mais uma dessas preciosidades que o Descobertas da Semana do Spotify nos proporciona: Tall Heights, uma banda? uma dupla? de folk progressivo formada pelos amigos de infância Tim Harrington e Paul Wright. Isso que é boy (magia) band.

E não faço ideia do que seja folk progressivo, mas é assim como se denominam.

Harrington, vocal e violão, e Paul, vocal e violoncelo, fundaram a Tall Heights em 2010, em Boston. Antes de saírem tocando pelas ruas da cidade, os dois costumavam compartilhar ideias de letras e melodias enquanto um ainda morava no exterior e o outro terminava a faculdade. Hoje, o hábito de compor separadamente e depois sentar para conversar permanece. Ambos valorizam a simplicidade das suas canções bem despojadas (EU TAMBÉM), que, além de seus instrumentos de corda, também são marcadas pela bateria eletrônica. O som, apesar de atual, me fez lembrar um pouco Simon & Garfunkel, especialmente pela combinação dos vocais.

Três sessões de gravação no Color Study, em Vermont, renderam músicas para o EP de 2015 Holding On, Holding Out e para o álbum Netuno. Particularmente, ando ouvindo Two blue eyes sem parar nos últimos dias e deixo a dica pra vocês. ♥

Kaoma & eu

$
0
0

É verdade que, quando adolescente, eu tinha poucas ambições na vida. Não pensava muito na minha futura profissão, não tinha nenhuma paixão à vista e não sonhava em dançar valsa em uma festa de debutante pomposa. Meu único desejo, que consumia horas do meu dia em pesquisas, leituras e zapeadas no Animal Planet, era ter um golden retriever. E você, Kaoma, por acaso era um. Há especialistas em pedigree que talvez pudessem ter discordado da pureza do lance, mas eu nunca liguei se sua altura não tinha os centímetros exatos ou se sua pisada não correspondia à da família dos retrievers.

Naquela época, as pessoas não eram tão julgadas quanto a querer ter um cachorro de raça ao invés de adotar um vira-lata. Acho que bicho é bicho e, independente de misturas genéticas, merece ter um lar com donos carinhosos. E o seu esteve repleto de amor antes mesmo de você chegar, porque era com você que eu sonhava.

O momento em que olhei pra sua carinha de olhos caídos ainda é muito vívido na minha memória. Talvez não tenha sido a melhor das apresentações, já que a viagem de avião do Rio até Vitória provavelmente te traumatizou e fez você vomitar o carro inteiro durante o trajeto até em casa. Mas tivemos muito tempo para nos conhecer depois. Com muitos outros episódios escatológicos, sim, envolvendo mais enjoos no banco de trás e você comendo cocô antes de vir me lamber. Mas nada que amigos não possam esquecer.

Ao longo desses 13 nos, você presenciou alguns dos períodos mais marcantes da minha vida. Conheceu meus melhores amigos, meu primeiro amor. Me viu entrar na faculdade, levar pra casa meu diploma, conseguir o meu primeiro emprego e, depois, conseguir o segundo em outra cidade. Aprendeu a sentar, esperar, a nadar (ou já nasceu nadando?), a andar sem coleira na rua e até a parar na faixa de pedestres. Mas também foi uma grande professora na arte de ensinar a paciência, o carinho incondicional, o perdão, a aceitação e como viver mais plenamente. Carpe diem. Aproveitem o dia, meninos. Façam de suas vidas uma coisa extraordinária.

E você aproveitou. Você teve uma vida boa. Isso estava claro na última vez em que a vi, com os pelos do focinho brancos como nunca e o andar desajeitado e lento. Velhinha. Mas, ainda assim, me recebeu de viagem com o mesmo abanar de rabo frenético que tinha quando filhote e aquele barulho engraçado que diz "estou sorrindo. Estou feliz em te ver". Obrigada, Kaoma. Parece até que você sabia que era essa a última boa lembrança que eu deveria guardar de você.

Não tenho certeza se acredito em paraísos, mas acho que, se você não virou uma estrelinha, está vivendo agora em cima das nuvens, mostrando os dentes pra outros catiorríneos, tomando o sol da manhã, se empanturrando de guloseimas (sem ser cocô, por favor) e tendo alguns daqueles sonhos, cheios de tremeliques, com a família que te amou aqui embaixo.

Escrevo, sim, uma carta para alguém que não sabe ler.

Muito menos falar.

Mas que entendeu como poucos uma linguagem que dispensa intérpretes.

Aquarius é isso tudo o que estão dizendo

$
0
0

Aquarius é o novo filme do cineasta Kleber Mendonça, responsável pelo aclamado O som ao redor, e o único representante do Brasil no Festival de Cannes deste ano. Na Europa, com sua exibição no evento, Aquarius surpreendeu pela sua incrível qualidade enquanto obra cinematográfica; no Brasil, ficou conhecido depois da equipe e elenco fazerem uma manifestação contra o impeachment de Dilma Rousseff e o golpe parlamentar, no tapete vermelho. O velho blablablá de gente inflamada, comum nesse furacão de acontecimentos políticos – "mamam nas tetas do governo corrupto para defendê-lo", "se beneficiaram da Lei Rouanet", etc. –, levou a uma grande promessa de boicote ao filme assim que ele estreasse no Brasil. Inclusive, parece que aconteceu uma treta envolvendo a comissão responsável por indicar a obra nacional que concorrerá a uma vaga para disputar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: entre os membros deste ano, havia um crítico cujo trabalho aparentemente não é muito respeitado pelos colegas de profissão, que atacou por meses Aquarius e seus realizadores sem ter assistido ao filme. Eita.

Cartazes em Cannes: "Há um golpe ocorrendo no Brasil"
De acordo com o quadro de cotações do Screen Daily, Aquarius foi o quinto longa mais bem avaliado, entre os 21 que competiam pela Palma de Ouro (o prêmio mais prestigiado). Além disso, a imprensa e muitos críticos apostavam em Sônia Braga como vencedora na categoria Melhor Atriz (acabou perdendo para a filipina Jaclyn Jose, de Ma'Rosa). E isso já diz alguma coisa, considerando que Cannes é um dos festivais de cinema mais importantes do mundo. Se não for o mais importante.

Todo esse conjunto de coisas foi o que me levou à comparecer à primeira sessão da estreia do filme no Espaço Itaú de Cinema da Augusta, mesmo com o ingresso custando absurdos R$ 33 (bicha, por favor, que que isso?!). Deixando posicionamentos políticos do diretor ou elenco de lado, o que interessa é avaliar o que está sendo contado no filme, e como está sendo contado.

Aquarius é dividido em três capítulos. O primeiro, chamado "O cabelo de Clara", se inicia na década de 1980, onde conhecemos a protagonista Clara, ainda bastante jovem e flertando com um visú Elis Regina: cabeça máquina 2. O cenário é a festa de 70 anos de tia Lúcia, dentro do apartamento do edifício que dá nome ao filme. Enquanto os filhos de Clara leem cartas cheias de carinho e orgulho pela trajetória de vida da tia-avó, a aniversariante se distrai observando uma cômoda num dos cantos da sala e pegando o espectador de surpresa: ela está relembrando momentos intensos de sexo sobre o móvel, décadas antes. Gente, vovós também transam ou já transaram, viu?

Em seguida, o marido de Clara agradece a presença de todos e alfineta aqueles que não estiveram próximos durante o tratamento de câncer de mama da esposa. A cena posterior já nos mergulha nos dias atuais, porém no mesmo apartamento de frente para a Praia de Boa Viagem, em Recife, com uma Clara sessentona, vivida por Sônia Braga, de cabelos enoooormes. Pra mim, é aí que o filme mostra a que veio: nos contar um a história sobre ressignificação, memórias e como elas podem ser tão particulares a ponto de representarem um mundo inteiro pra gente.


Clara é uma mulher à frente do seu tempo e, a meu ver, seus cabelos longos são um símbolo de sua força adquirida ao longo dos anos e que a levou a ser o que é: corajosa, resistente, afetuosa (e um pouquinho marrenta). Agora, viúva, e com os filhos independentes, ela mora completamente sozinha em um prédio de apartamentos vazios. Mas Clara parece não se importar. Vai à praia pelas manhãs, faz atividades físicas com a comunidade, bate papo com seu amigo bombeiro e salva-vidas e tem uma rotina de afeto e fraternidade com a empregada doméstica há quase 20 anos. Mas, tão importante quanto isso tudo, Clara tem a companhia de seus móveis antigos e de sua coleção de discos de vinil: um resquício da época em que foi jornalista e crítica musical. Uma enorme fonte de memórias e de histórias vividas dentro e fora daquele apartamento e que constroem sua identidade.

Porém, sua rotina pacífica é interferida quando uma construtora a pressiona para vender seu cafofo com o objetivo de construir um edifício muito mais moderno no local. Mas quem disse que histórias podem ser compradas? Sem entender isso, o arquiteto responsável pela negociação, interpretado por Humberto Carrão – cujos olhos demasiadamente separados um do outro me causam mal-estar –, intensifica suas investidas passivo-agressivas (rs) e revela que o jogo sempre pode ficar mais sujo quando é preciso conseguir o que queremos.

No fim das contas, Aquarius é muito mais sobre a protagonista do que sobre o próprio edifício. Ou seria Clara uma analogia ao prédio; um lugar que não quer se livrar de suas marcas? Aquarius é Clara? Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?

(reflitam)

Falemos de Sônia Braga, que está absolutamente deslumbrante. E não digo só em relação à sua beleza, mas ao trabalho excepcional que nos apresenta aqui, repleto de naturalidade e verdade. Ela carrega Aquarius, mas isso não significa de forma alguma que o filme só fica bom por causa dela; é como um desses mágicos encontros entre personagem bem construído e interpretado e uma direção segura. Há uma cena em particular de confronto entre Clara e sua filha, em que Sônia está dando uma dura nela e um fucking segundo depois engole seco, perde a voz, treme a boquinha e chora com tanta credibilidade que eu acabei chorando junto, maravilhada. É uma entrega de sutilezas, detalhes e olhares que merece muito ser aclamada.  

Por fim, aproveitem a viagem e se deliciem também com a trilha sonora. Eu, que não sou tão chegada assim em MPB (não me julguem), repeti em minha mente as músicas e as cenas que as acompanharam, entendendo como elas foram elementos importantes para contar essa história, relacionando-se intensamente com Clara e com o espaço em que ela vive.

"Quando você não gosta, é velho. Quando gosta, é vintage".


 


"O homem nas trevas" me deixou exausta

$
0
0

Dos criadores de A morte do demônio, "O homem nas trevas" (título original: "Don't breathe") é o novo thriller que anda chamando a galera pro cinema desde que a Sony Pictures divulgou uma cena bem daora em seu Facebook (atraindo criaturas capazes de associar a porcaria de uma SINOPSE com... o quê? Estímulo à violência? Crítica aos direitos humanos? Ao Brasil? HAHAHAHAH PELO AMOR DE DEUS)


Sim, assaltar é errado. Assaltar é um crime. Mas assaltar casas é o que o trio de personagens faz rotineiramente, um deles pra tentar mudar a dura realidade da sua vida, sim, e isso é apenas um fato da sinopse. Eu tô ficando (ainda mais) preocupada com a sanidade das pessoas na internet.

</revolta>

"Money", Rocky e Alex são amigos e experts em assaltar casas de ricaços para roubar pertences valiosos (nunca dinheiro, ou a pena deles mudaria caso fossem pegos).  Num belo dia, Money, o babacão mano das quebrada, fica sabendo que tem um idoso veterano de guerra morando sozinho em uma casa de uma rua isolada, e dono de uma boooa grana, que recebeu de indenização depois que sua filha foi morta em um atropelamento. Decididos a arriscarem levar dinheiro pela primeira vez em suas "carreiras", eles partem em missão sem imaginar que o senhor ex-soldado, apesar de aparentemente inofensivo por ser cego, é um filho da puta ninja capaz de saber sua localização só por te ouvir respirar.

Aí você pensa: "porra, pelo material promocional estão tentando fazer o cara parecer um vilão, mas é fácil: vou torcer pro velhinho estripar esses três. Quem mandou invadirem a casa?"

Ah, meu amigo. Você não sabe os plot twists que o aguardam.

O filme aproveita seu primeiro ato para objetivamente nos apresentar aos adolescentes/jovens adultos e mostrar quais são suas motivações. Money é, talvez, o líder; um sujeito impetuoso e rude por quem não temos muita empatia, ao contrário de Alex e Rocky. O primeiro, mais tímido e introspectivo, mostra claros sinais de que há um senso moral habitando seu coraçãozinho quando nega participar do assalto ao "homem nas trevas" (argh). Porém, muda de ideia porque está apaixonado por Rocky (ah, sim, Rocky é uma mulher) e sabe que o dinheiro que conseguirão vai ajudá-la a dar uma vida boa pra filha e fugir da mãe alcoólatra.

Todo filme pede para que o espectador torça pelo bem de algum dos seus personagens (se não for TODO filme, me desculpa, devo ter esquecido alguma coisa do minicurso de crítica cinematográfica rsrs). Até esse ponto, O homem nas trevas acredita que te fisgou com a construção desses dois personagens e espera que você queira o seu bem, mas enquanto a presença do senhor cego é estabelecida a partir do segundo ato e você ainda não entende se ele é exatamente uma vítima da situação, é impossível não vibrar com a sua sagacidade e boas doses de violência quando entra em confronto com os jovens.         

Esse filme me deixou mentalmente exausta. Primeiramente Fora Temer, o velho é uma figura selvagem e altamente intimidadora; bastava aparecer em cena para eu me encolher na poltrona do cinema. Roí duas unhas. É sério. Segundamente, a direção é ágil e ótima, assim com o roteiro. Há um trecho em que o trio consegue entrar na casa e a câmera simula um plano sequência pelos cômodos, passando por portas, subindo andares e entrando debaixo de camas que eu achei demais; estabeleceu-se a tensão necessária para dar espaço no palco para o velho começar a brilhar. A partir daí, é aflição e angústia cena após cena, em um labirinto de situações muito bem construído que conduz os ~meliantes~ a tentativas de fugas desesperadoras da casa, que acabam abrindo portas (literalmente?) para uns segredinhos obscuros do dito-cujo.

Há momentos em que a gente prende a respiração junto com eles. Momentos em que um barulhinho de pipoca a 10 fileiras de distância pode causar um trincar de dentes. E isso é brilhante, pelo que o longa propõe. Só há uma fala que eu não curti, em que o velho diz algo como "Não há nada que um homem não faça quando descobre que Deus não existe", mas isso é assunto pra outro texto.  

Meu receio mesmo era que o final de O homem nas trevas estragasse toda a minha experiência, mas, felizmente, ponto pra Grifinória. Há inúmeras surpresas agradáveis ao longo do filme, e o fim do terceiro ato é tão eletrizante, cheio de reviravoltas, que até o último segundo de projeção eu não tinha certeza se a história estava definitivamente concluída. Saí da sessão espantada por ela ter durado menos de 1h30, porque eu sentia como se tivesse sido atropelada de frente e de ré durante o dobro do tempo por um caminhão pipa: sudorese na suvaca, perna bamba, taquicardia, dor nas junta. Acho melhor fazerem um lanchinho no shopping antes de assistirem, porque depois tudo o que vocês irão querer são uma soneca e uma massagem pra aliviar os nós nas costas.




10 filmes que saíram do cinema pra você assistir sem sair de casa

$
0
0

Vamos combinar que cinema não anda uma coisa tão acessível quanto antigamente, principalmente pra quem não tem o benefício de pagar meia entrada. Quando o problema não é dinheiro, é falta de tempo. Eu simplesmente AMO ver filmes no cinema; aquela sensação gostosa de curtir uma experiência com outras pessoas num mesmo lugar, a telona ocupando todo o espaço à minha frente, a pipoca amanteigada (custa os olhos da minha cara e da sua, mas eu evito pensar nisso). Mas a gente faz o que pode, e quanto pode.

Por isso, é inevitável perder algumas estreias de filmes bacanas e ter que esperar eras pra poder encontrar na Netflix ou achar um link pra baixar com uma legenda decente (se você prefere filmes dublados, retire-se do recinto). A menos que você faça parte do maravilhoso mundo de pessoas que usam o NET NOW. A NET você conhece, né – que oferece TV por assinatura, telefone e internet. No NOW, um dos serviços dela, é possível alugar filmes por preços muuuito camaradas (bem mais baratos que um ingresso comum, lógico), que ficam disponíveis pra você por até 48h. Inclusive filmes recém-saídos do cinema!

Ou seja, nem é preciso esperar tanto tempo pra conferir aquele longa superfamoso no conforto do lar. Pensando nisso, separei 10 filmes lançamentos disponíveis na plataforma pra você alugar correndo assim que terminar de ler o post (rs):


1. MÃE SÓ HÁ UMA


O sucesso estrondoso de Que horas ela volta? ajudou a diretora Anna Muylaert a divulgar seu mais novo filme, Mãe só há uma, que estreou no último Festival de Berlim. A história real contada segue a vida extraordinária de Pierre, um adolescente de 16 anos que, em meio a transformações que envolvem sua sexualidade, descobre que sua mãe o roubou na maternidade. A partir daí, ele é obrigado a deixar a família que o criou, indo viver com os pais biológicos, que nunca tinha visto antes. Treta bem tretosa.


2. O QUE FAZEMOS NAS SOMBRAS


O caso desse filme é ainda mais peculiar: não foi lançado nos cinemas brasileiros, indo parar direto em DVD somente no mês passado. Com 96% de aprovação no Rotten Tomatoes, O que fazemos nas sombras é um mockumentary sobre a vida de três vampiros. [O termo vem das palavras mock (falso) + documentary (documentário), e representa filmes que tentam nos fazer acreditar que o ocorrido em tela realmente aconteceu (como A Bruxa de Blair, lembra?)].

Viago, Deacon e Vladislav dividem a mesma casa e, apesar de não parecer, enfrentam a imortalidade com dificuldade: encontrar sangue humano em festas, lidar com a luz solar e tentar se enquadrar na moda vigente são alguns dos desafios. Comédia alternativa!


3. AVE, CÉSAR!


O mais novo filme dos irmãos Coen é considerado por muitos como uma homenagem à era áurea do cinema, recheado de sátiras aos Estados Unidos da década de 1950 e referências a clássicos. Ambientado nessa época, Ave, César! conta a saga de Edward Mannix – o cara responsável por proteger as estrelas do estúdio Capitol Pictures de escândalos – em recuperar o astro Baird Whitlock (vivido por George Clooney), sequestrado no meio das filmagens da superprodução de mesmo nome do filme.


4. RUA CLOVERFIELD, 10


Para amantes do suspense, como eu, Rua Cloverfield, 10 promete ser uma ótima opção. Muito bem recebido pela crítica, o filme nos conecta com a protagonista Michelle, que, após terminar com seu noivo, decide sair da cidade em seu carro. O problema é que ela acaba sofrendo um acidente e acordando muito depois, em um ambiente fechado, encarcerada por Howard. Ele jura de pé junto que a está protegendo do mundo exterior, agora inabitável por causa de um ataque químico (o público até pode deduzir se é verdade ou não, caso tenha assistido ao filme Cloverfield, de 2008). Sem saber se pode confiar ou não no homem, Michelle tenta arrumar maneiras de se libertar.


5. AMOR POR DIREITO


Esse filme promove o encontro de três atores que eu admiro muito: Ellen Page, Julianne Moore e Steve Carell, também conhecidos como meus crushes. Adaptado do documentário vencedor do Oscar em 2008 (Freeheld), Amor por direito conta a história real do casal de lésbicas Stacie e Lauren. Apesar da grande diferença de idades, as duas se apaixonam, vão morar juntas e têm o sonho de viverem felizes para sempre, até que Lauren descobre estar com câncer terminal. Determinada a deixar uma pensão para Stacie, Lauren e a esposa travam uma dura batalha contra a justiça para conseguir esse direito tão simples, que a maioria da população nem sonha em gastar suor pra conseguir.


6. O ESCARAVELHO DO DIABO


Vale pela nostalgia, vai! O escaravelho do diabo é um clássico da literatura infanto-juvenil, escrito pela mineira Lúcia Machado de Almeida e publicado pela coleção Vaga-Lume (sdds!) nos anos 70. A história se passa em uma pequena cidade de São Paulo: tudo começa quando Hugo, irmão do protagonista Alberto, recebe um misterioso pacote com um escaravelho. No dia seguinte, ele é encontrado morto com uma espada cravada no peito. Inconformado, Alberto decide encontrar o assassino, e descobre que, além do besouro, há outro ponto em comum entre esse e outros crimes cometidos: a vítima é sempre ruiva (rs).

Várias pessoas têm reclamado de terem infantilizado Alberto, já que no livro ele é um universitário, mas temos que pensar que o apelo do filme é pra oooutro público. :P Coloca aí na listinha pra passar o tempo.


7. MAIS FORTE QUE BOMBAS


Uma exposição que celebra a fotógrafa Isabelle Reed três anos após sua morte prematura traz o filho mais velho dela, Jonah, de volta para a casa da família, forçando-o a passar mais tempo com seu pai Gene e seu afastado irmão mais novo Conrad do que passou em anos. Com os três sob o mesmo teto, Gene tenta desesperadamente se conectar com seus dois filhos, mas eles precisam lutar para conciliar seus sentimentos sobre a mulher da qual se lembram de maneiras tão distintas.

Dicona: Isabelle Huppert está no elenco. Dica: concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2015. Diquinha: escrito e dirigido pelo primo daquele colega nosso, Lars Von Trier (de Ninfomaníaca).


8. NISE: O CORAÇÃO DA LOUCURA


Vamos aplaudir o cinema nacional mais uma vez, sim, senhor! Cotado como um dos filmes que poderiam concorrer a uma vaga entre os indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de
2017, Nise conta a história real de Nise da Silveira, uma médica que, após sair da prisão, volta aos trabalhos num hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro e se recusa a empregar o eletrochoque e a lobotomia no tratamento dos esquizofrênicos. Isolada pelos médicos, resta a ela assumir o abandonado Setor de Terapia Ocupacional, onde dá início a uma revolução regida por amor e arte.

Um filme que, se tivesse ido parar na premiação deste ano, teria arrancado elogios da comentarista cinematográfica máster da Globo, risos.



9. X-MEN: APOCALIPSE


Também cabem blockbusters em nossos corações.<3

Eu não sou fã de franquias de super-heróis, mas costumo acompanhar os filmes de X-men. Quer dizer, eu brincava de X-men quando criança (sempre era a Jean). Não sei se dá pra chamar os mutantes de super-heróis, mas é fato que eles possuem superpoderes. E eu sempre gostei do lance político-social da história, do porquê eles serem isolados por serem “diferentes” e tal.

Em Apocalipse, o filme é ambientado na década de 1980, com os personagens que conhecemos bem jovenzinhos (ainda com Jennifer Lawrence, Michael Fassbender e James McAvoy). É quando Apocalipse, o primeiro e mais poderoso mutante existente, acorda após acumular os poderes de muitos outros mutantes ao longo de milhares de anos. A fim de criar uma nova ordem mundial e purificar a humanidade, ele recruta uma equipe fodona que reinará com ele em breve, caso consiga passar por cima da turminha do barulho que tanto conhecemos e certamente vai tentar impedi-lo.


10. MOGLI – O MENINO LOBO


Acho que essa história você deve conhecer, se cresceu com os VHS de desenhos da Disney. Com CGI de alta qualidade, podemos dizer que essa versão de Mogli é na verdade um live action da famosa animação de 1967: o menino criado por lobos sente que não está mais seguro vivendo na floresta quando o tigre Shere Khan promete eliminá-lo. Forçado a abandonar o único lar que conhece, Mogli embarca em uma cativante jornada de autoconhecimento, guiado pela pantera e mentora Bagheera e pelo alegre urso Baloo (Neeeecessário, somente o necessáaaari-o). 95% de aprovação no Rotten e cheio de vozes familiares, como as de Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba e Scarlett Johansson.



Tá bom pra começar, né?

Aliás, pra começar mesmo, acesse o NET NOW assinando o NET COMBO: uma assinatura em conjunto dos serviços NET TV, NET Fone, NET Vírtua e NET Celular. Tornando-se cliente, você ainda entra nas vantagens em dobro, dobrando a velocidade da internet, da franquia do celular e os minutos do fixo! Tudo com atendimento exclusivo, modem wi-fi grátis, instalação grátis e fatura unificada. Se quiser MAIS, toma aqui: os pacotes NET COMBO são 20% mais rentáveis.

Deem uma conferida AQUI, monamús.

"Menina má": aquela criança angelical pode ser uma psicopata

$
0
0

 Será a maldade uma semente que brota dentro de nós?

The bad seed ("A semente do mal") foi uma obra que levantou polêmica na época de seu lançamento, no ano de 1954. Escrito por William March, um pobre sujeito que não pôde aproveitar o sucesso sequente devido a um ataque cardíaco, o livro foi republicado no Brasil recentemente como "Menina má" pela Darskide Books que descobri ser uma editora SÓ de livros de terror e suspense. Ou seja, o paraíso pra mim. <3

"Menina má" me ganhou pela capa dura maravilhosa (aliás, os livros da Darkside costumam ter capas bem maneiras), pelo marcador de páginas à moda antiga e pela sinopse, claro. O livro, que inspirou outras obras como Anjo Malvado, provocou o maior bafafá porque tratou de um tema que até então não era explorado: a maldade inata vs. a inocência das crianças.

Rhoda é, à primeira vista, uma garotinha de 8 anos linda, doce, obediente, organizada, madura para a idade e extremamente educada. Um anjinho de Deus, como dizem por aí. Ou o capiroto, como as páginas seguintes vão mostrar.   
   

Por trás do rostinho de uma boneca, como a arte do livro sugere, existe uma verdade muito mais crua e assustadora, que ninguém desconfia. Até então.

Para analisar "Menina má", é preciso levar em consideração duas coisas: a narrativa, claro, e o contexto social da década de 1950. Havia se passado pouco tempo desde a Segunda Guerra Mundial, e o mundo tentava se recuperar de suas cicatrizes. Os primeiros casos de serial killers começaram a bombar na mídia, e a percepção da maldade humana criaram um novo tipo de monstro: ele não habitava um desconhecido na rua, escondido sob sombras, mas estava naquele vizinho de porta, no dono da mercearia e até em algum membro da família. Ou seja, alguém próximo de nós.

Eis o nascimento de um novo marco na literatura de horror: o personagem assustador das histórias passa a ser o próprio ser humano.

Inicialmente, "Menina má" me deixou bem presa à história. Morando sozinha com sua mãe Christine, já que o pai estava há meses em viagem de trabalho, Rhoda acaba se envolvendo em um estranho acidente na escola, culminando na morte de um colega de classe de quem ela tinha inveja. É quando o leitor, junto com Christine, começa a desconfiar da índole de Rhoda, trazendo questionamentos sobre o que ela seria capaz de fazer pra conseguir o que quer.

A garota é uma completa psicopata, incapaz de sentir empatia pelos outros, tampouco por sua mãe. Foi aí que comecei a me incomodar. Achei o livro bastante expositivo, deixando claro que Rhoda simulava comportamentos e valores que ela sabia que eram aplaudidos pela sociedade. Creio que seria muito mais interessante plantar uma pulga atrás da nossa orelha; nos fazer indagar se a menina estava verdadeiramente sentindo coisa x ou coisa y ou estava apenas interpretando; se ela é uma monstrinha ou não. MÃS, claro, eu não posso analisar algo que eu queria que tivesse acontecido. O objetivo do livro é outro: deixar explícito desde o começo que Rhoda é má, mas questionar se essa maldade veio do berço ou do meio que nos molda.

Eu particularmente não fico muito empolgada quando tentam justificar de onde vem a semente do mal de um personagem. Vide Hannibal e aquele filme horrendo em que contam a história da sua juventude e o estopim pro canibalismo. Aconteceu a mesma coisa em "Menina má": fiquei um pouco desencantada.

Apesar de ser uma leitura fácil, considerando a época em que a obra foi escrita, achei a narrativa um tanto quanto rasa, e o final deixou a desejar. Não me refiro à decisão que Christine toma, uma vez que ela já tinha certeza de que a filha era uma assassina em potencial (inclusive achei a solução mais coerente que o autor encontrou). Mas fica clara a intenção dele na última página de criar uma mega ironia/humor negro, que não funcionou pra mim. Não há aquela sensação de terror que deveria ter ficado.

Porém, ficam os meus elogios à construção de uma personagem em particular: Monica, a vizinha e proprietária do prédio onde Christine e Rhoda moram. Uma senhora amável, divorciada e independente que, durante o livro, dá altas alfinetadas feministas, afirmando que mulheres podem ser muito mais do que objetos de decoração dos homens. Lembremos que "Menina má" foi lançado em 1954.
“Sempre houve algo estranho com Rhoda, mas eles ignoraram suas esquisitices, esperando que, com o tempo, ela fosse se tornando mais parecida com as outras crianças. Mas isso não aconteceu.”

 Tara maldita


Além de uma peça na Broadway, "Menina má" ganhou uma adaptação cinematográfica apenas dois anos após sua publicação. No Brasil, chegou com o título de "Tara maldita".

[Tara, do dicionário: "defeito físico ou moral, transmitido ou agravado pela hereditariedade". Ou seja, toma aí um pequeno spoiler, senhor culto.]

O filme concorreu a 4 Oscars: Melhor Fotografia, Melhor Atriz (a garotinha e a atriz quem interpretou a mãe) e Melhor Atriz Coadjuvante (uma senhora que apareceu em duas cenas). Bom, vê-se que o conceito de boas atuações na época era outro, porque foram bastante teatrais pro meu gosto. Acredito que por conta, também, do fato de que o filme foi baseado tanto no livro quanto nessa peça da Broadway. Dá pra perceber vários aspectos ao longo do longa (rs) que remetem a uma representação teatral: os cenários, os enquadramentos distantes e amplos, a movimentação dos atores em cena, muita dose de dramaticidade, etc.

Mas, no fim das contas, acho até que gostei mais do filme do que do livro. Ele é extremamente fiel à história, bem adaptado, e ainda traz um final um pouco diferente, e até mais chocante, dependendo do ponto de vista. Achei até engraçado que, nos créditos, há uma mensagem pedindo para os espectadores NÃO CONTAREM PARA OS OUTROS O CLÍMAX DA HISTÓRIA, pra não estragar a experiência de ninguém, hahaha.

15 filmes de terror e suspense que você ainda não viu

$
0
0

Ahhh, dona Manuela, mas eu tô vendo nessa sua lista vários filmes, sim, que eu já assisti.

Tudo bem, pequeno gafanhoto cinéfilo. Isso é possível.

Mas muita gente que só acompanha lançamentos comerciais e indicações de obras que priorizam sangue e jumpscares sem conteúdos pode estar privada de algumas maravilhas da sétima arte, num é mesmo? Aquele filminho que você só encontra no makingoff.org, aquele VHS que nunca chegava na locadora da esquina, aquele independente de baixo orçamento aplaudido por cultos cult.

Tá, parei.

Como outubro é o mês das bruxas, eu resolvi compilar algumas obras de dois dos meus gêneros favoritos, a fim de abrir uns horizontes por aí e fazer a gente ficar tudo feliz.


Cubo



Reza a lenda que Cubo foi a inspiração para a criação da franquia Jogos Mortais.

Esse filme canadense de baixo orçamento (gravado em apenas um único cenário de cerca de 4 x 4 metros) pode até ter atores ruins, uns diálogos pobres e teorias loucas, mas quando assisti eu fiquei verdadeiramente impressionada. Meu cérebro o guardou na gaveta de Filmes de Terror Inesquecíveis, e não pretendo tirá-lo de lá até assisti-lo novamente.

Cubo começa sem qualquer explanação nos apresentando a um homem que acorda em uma sala cúbica com uma porta em cada lado. Ele escolhe uma delas para tentar sair, e acaba entrando em outra sala, idêntica à anterior. Mas nosso personagem não tem muito tempo para perceber o que está acontecendo porque ele é literalmente feito em pedaços por uma armadilha em forma de grade. PÁ, já temos uma cena de impacto e suficiente pra gerar um monte de perguntas na nossa cabeça.

O filme, sem delongas, então nos apresenta à sua história: seis desconhecidos acabam se encontrando em uma dessas salas em formato de cubo sem saber como foram parar lá, muito menos que porra de lugar é aquele. Aos poucos, eles descobrem ser possível passar de um cubo para outro através de comportas; o problema é que alguns deles oferecem armadilhas mortais, criando um labirinto sem fim. Mas, principalmente, eles descobrem que precisam uns dos outros para conseguirem sair vivos.

Cubo ainda ganhou uma sequência e um prequel (Cubo Zero e Cubo 2 - Hipercubo), que não assisti, mas parecem ser aqueles filmes criados pra estragar toda uma sequência. Mas eu não vou omitir informação pros mores, né?


Mártires



Mártires figura nessa minha listinha de filmes para não revermos nunca mais. Ou seja, vem coisa pesada por aí.

A primeira parte se passa na França da década de 1970, quando Lucie, uma garota de 10 anos, é encontrada numa estrada, louca e desorientada, depois de ficar um ano desaparecida. No hospital, ela se afeiçoa a outra garota, chamada Anna, que passa a cuidar dela e estreitar os laços de amizade para que supere a experiência traumática que viveu. Na segunda parte do filme, quinze anos depois, Lucie está completamente fora de controle, em busca dos responsáveis por todo aquele sofrimento. A partir daí, ela sem querer acaba envolvendo Anna em acontecimentos com consequências imprevisíveis.

Mártires é bruto, cruel, violento, difícil de assistir, e um dos melhores filmes de terror dos últimos tempos, na minha opinião. Fizeram um remake recente, de 2015, e obviamente me senti tentada a assistir. Bom, não chega aos pés desse aqui (ah, americanos e sua mania de romantizar e amaciar qualquer história), principalmente no final, mas vale dar uma conferida pra ver o que mudaram. E pra xingar.


Ink


Tenho sentimentos conflitantes em relação a esse filme. A maioria é boa. A minoria ruim se deve ao baixíssimo orçamento, que leva a atuações que deixaram a desejar e a efeitos especiais nada modernos, mas que ironicamente foram responsáveis por me fazer ficar encolhida de medo na cama. A concepção visual de alguns personagens foi tão criativa, apesar da execução meio Super Xuxa contra o Baixo Astral, que até hoje me pego fascinada.

Não sei se posso afirmar que Ink é um filme de terror, mas ao menos tem elementos de terror. Acho que, no fundo, é uma fábula sobre a importância do ser humano de reconhecer seus erros, suas imperfeições e se redimir, tudo através de ótimas metáforas e simbolismos. Ink brinca com pesadelos, universos paralelos, espiritualidade e criaturas fantásticas.

A história: uma espécie de organização fascista, os Incubus, habita o plano astral da humanidade, instigando pesadelos relacionados com humilhação e ressentimentos nos humanos no plano físico. Isso faz dois personagens, simultaneamente nos diferentes planos, serem consumidos pela vaidade e orgulho, colocando em perigo a alma de uma criança raptada pelos Incubus. Ela será defendida por "Storytellers", guardiões dos bons sonhos. Parece louco, não?

Assisti no Youtube há uns 2 anos, mas retiraram o link do ar. Recomendo que fuce outras fontes por aí, não é tão difícil de encontrar.


Alta tensão


Mais um francês <3 com mais uma protagonista feminina, que é ninguém menos que a linda da Cécile De France.

Marie e Alexia são amigas e companheiras na universidade. Num final de semana, Alexia leva Marie para a fazenda de seus pais, mas elas não imaginam que um inferno baterá (literalmente) à porta: um caminhoneiro tarado invade a casa da família muito a fim de realizar uma carnificina. Nessa, ele sequestra Alexia, restando a Marie se esconder e conseguir salvar a amiga.

O filme nos apresenta, sim, a muitas mortes chocantes, muito sangue, tensão (como o título sugere, risos), mas com uma revelação que vai te surpreender e mudar toda a percepção da história que você tinha até então.

Algumas pontas soltas, furos no roteiro e incoerências podem te tirar do eixo de atenção depois, mas compensemos nossa mente com os detalhes inteligentes e a fotografia, brincando muito com luz e sombra, que dão pistas no desenrolar das cenas sobre a verdadeira realidade do que está acontecendo.


Medo


Mais um na vibe "as coisas não são bem o que parecem". Falei desse filme sul coreano em uma das edições do Filmes da Semana. Topei com ele depois que alguém me indicou o remake dele, disponível na Netflix, chamado O mistério das duas irmãs. Ainda não vi esse, mas decidi que a obra original deveria vir primeiro. Dirigido por Kim Jee Woon, Medo conta a história de duas irmãs muito unidas que voltam para casa após passar um tempo em um internato. Elas são recebidas de braços abertos pela madrasta, que logo depois se mostra uma mulher cruel. A partir daí, coisas estranhas, sobrenaturais e mutcho loucas começam a acontecer.

Medo foi, como dizem, uma grata surpresa. Achei as atuações de todo mundo, sem exceção, ótimas. O ritmo é um pouco lento, intensificando a atmosfera de suspense e tensão, e, à medida em que a rotina da casa fica cada vez mais confusa ("QUE PORRA É ESSA?"), você entende que tem uma charada pra decifrar.


A aldeia dos amaldiçoados


Lembra daquele filme das crianças do milharal (baseado em um conto do Stephen King, a propósito), que passava no SBT? Ficou com meda delas? Então se prepara para essas stranger kids de A aldeia dos amaldiçoados.

Um clássico dos anos 1960, o filme se passa em uma pequena cidade da Inglaterra. Num belo dia, todas as pessoas, de forma inexplicável, desmaiam por algumas horas. Dois meses depois do acontecido, todas as mulheres com possibilidade de ter filhos ficam grávidas. Mas, quando as crianças nascem, se revelam extremamente inteligentes, loiríssimas Targaryen articuladas e sombrias.

Li que o enredo se desenvolve de acordo com o contexto histórico e político da época: a insegurança quanto ao presente e a incerteza sobre o futuro durante a Guerra Fria, uma disputa entre duas grandes potências de sistemas político-sociais opostos. Se é isso mesmo, mais um ponto para o filme.

John Carpenter dirigiu um remake em 1995, A cidade dos amaldiçoados, mas não conferi ainda.


Os inocentes


Falei desse filme também em uma outra lista, sobre filmes em preto e branco.

"Algo estranho e sinistro estava acontecendo naquela casa", pensou Giddens, contratada para cuidar de Flora e Miles, dois irmãos que ficaram órfãos em circunstâncias misteriosas. Com o passar do tempo, Giddens acredita que existe alguma coisa escondida nas trevas da mansão, fazendo com que as crianças tenham um comportamento muito assustador."

Baseado no óoootimo livro de Henry James, chamado "A volta do parafuso", e roteirizado por Truman Capote, Os inocentes é um suspense/terror psicológico dos bons. Ambientado na Inglaterra vitoriana, tem na estética em preto e branco uma grande aliada para criar um visual bastante sombrio e meio gótico. Destaque para as atuações das crianças, principalmente do ator que interpreta o Miles (que também foi uma das crianças de A aldeia dos amaldiçoados), e para a trilha, que é de arrepiar os cabelim do braço. Lembro até hoje de uma cena que me GELOU A ESPINHA como nenhum filme de terror moderno conseguiu fazer. Curiosidade: serviu de inspiração para o filme Os outros, aquele com a Nicole Kidman.


Morte ao vivo


Ótimo filme espanhol que toca bem naquele assunto "adoramos assistir a desgraças e violência reais, só não admitimos", deixando isso claro logo na primeira cena. Ângela, uma estudante de comunicação, está indo de metrô para a faculdade quando é obrigada a interromper a viagem depois que uma pessoa se atira nos trilhos e é atropelada. A segurança da estação ordena que os passageiros passem pelo corredor sem olhar para o corpo, mas Ângela, movida pela tal curiosidade mórbida, avança para tentar enxergar alguma coisa. Quando ela finalmente está a 1 cm de conseguir isso, um policial a puxa abruptamente, recolocando-a na fila.

Das duas, uma: ou você também vai acompanhar o olhar dela, ou vai tampar os olhos com a mão. Pra tentar enxergar entre os dedos.

Ângela está no meio do desenvolvimento de sua tese (Morte ao vivo originalmente se chama Tesis, inclusive), cujo tema é filmes "snuff" - aqueles em que são exibidas imagens reais de pessoas sendo mortas (lembra daquele Faces da morte que sua mãe não te deixava alugar? Então). Eis que um belo dia ela descobre que seu orientador morreu após assistir a uma misteriosa fita, no auditório da faculdade. E o que era a fita? Justamente um filme snuff, que gravou a morte de uma ex-estudante de lá. Decidida a investigar a identidade de quem fez aquilo, Ângela conta com a ajuda de Chema, um aluno de sua classe.

Prepare-se para ser enganado o tempo inteiro.


Audition - O teste decisivo


Mais um terror japonês. Audition é um filme que eu recomendo que você assista, de preferência, parando de ler por aqui. Quanto menos você souber, melhor.  Mas, se quiser seguir, tudo bem; não dou spoilers “graves”. :P

A princípio, ele se parece mais com um romance qualquer: Ayoma, um homem viúvo há 8 anos, é pressionado por seu filho a encontrar uma nova namorada. Com a ajuda de um amigo, ele realiza uma audição com jovens atrizes para um papel num filme, mas na verdade é só um pretexto pra ele selecionar a pretendente ideal. Nessa, ele se encanta por Asami, uma mocinha meiga e delicada com um passado sofrido. À medida que os dois se encontram e conversam, ambos ficam mais apaixonados. O negócio é que Asami começa a se comportar de uma forma ~meio estranha~, e aí sim Audition vai mostrando as garrinhas.

O primeiro ato é bem lento, feito pra desenvolver os personagens. Já no segundo, o filme se transforma em um pesadelo surreal a la David Lynch, com cenas de gore que me fizeram tapar os olhos, mas sem tentar enxergar pelos dedos (hihi). O lance é que muita gente que fez uma análise de Audition toca no ponto da crítica à solidão humana e/ou à misoginia fortíssima do patriarcado japonês. Ou o próprio filme é criticado por ser misógino. Eu não cheguei a nenhuma conclusão, então VAI QUE É TUA.

"Kiri, kiri, kiri, kiri!"


Eu vi o diabo


Indicando mais uma vez esse filme porque sim (ele também entrou em um dos Filmes da Semana). Talvez Eu vi o diabo nem seja terror, talvez nem seja suspense ou talvez se enquadre apenas como uma versão coreana do estilo Tarantino de ser. Só sei que é preciso preparar o estômago pra muito, MUITO sangue e violência.

A história é: a noiva de um agente secreto é morta por um serial killer. Cego pela fúria, ele começa a investigar os possíveis suspeitos do crime, até finalmente identificar o culpado. Mas, ao invés de matá-lo, resolve pôr em prática uma terrível e lenta vingança. Ahhh, que delícia. Só que o assassino não é burrinho, e também vai fazer nosso mocinho sofrer um pouco, principalmente emocionalmente falando. A direção é um primor, a trilha e fotografia são ótimas e o final traz uma tristeza e melancolia muito coerentes com o desenvolvimento da vingança, mesmo dentro de um ritmo intenso de crueldade.

É difícil esquecer a cena do táxi depois.


O orfanato


Oh, Deus, eu amo esse filme. E amo Guillermo del Toro, o produtor. E Belén Rueda, a atriz principal.

O orfanato é até bastante conhecido, mas penso que deveria ser muito mais. Quando assisti, há alguns anos, lembro que fiquei encantada porque achei uma mistura perfeita de drama e terror. Foi mais ou menos na mesma época em que meu cérebro adicionou O labirinto do Fauno na gavetinha de Favoritos, outro filme que eu não soube dizer a que gênero pertence.

O orfanato conta a história de Laura, uma mulher que passou os anos mais felizes de sua vida em um orfanato, onde recebeu os cuidados de uma equipe e de outros companheiros órfãos, a quem considerava como se fossem seus irmãos e irmãs verdadeiros. Agora, 30 anos depois, ela retornou ao local com seu marido Carlos e seu filho Simón, de 7 anos. Ela deseja restaurar e reabrir o orfanato, que está abandonado há vários anos. O local logo desperta a imaginação de Simón, que passa a criar contos fantásticos. Entretanto, à medida que os contos ficam mais estranhos, Laura começa a desconfiar que há algo à espreita na casa.

O final é surpreendente, LINDO, e a trilha sonora é maravilhosa, dessas que dá vontade de deixar tocando no mp3 (eu ia falar rádio, mas soaria meio antiquado). Se quiser ouvir só uma música, escolhe a Reunión y final, aqui.

P.S: o Seu Barriga está no elenco.


A espinha do diabo


Falando em del Toro, esse é um filme dirigido por ele, em 2001. E com mais um orfanato na história.

Antes que você, pequeno gafanhoto cinéfilo, me diga que A espinha do diabo não é terror coisa nenhuma, eu... talvez concorde. Será? Um suspense? Ai, ai, ai, Guillermino, você nos deixa confusos. Fantasia? Ah, assiste e me conta o que achou.

O filme começa nos perguntando o que são fantasmas, e termina com a mesma pergunta. Durante a Guerra Civil espanhola, um menino de 12 anos é deixado em um orfanato, onde é recebido com hostilidade e violência pelas demais crianças e por um funcionário. Lá ele recebe a visita do fantasma de um menino que foi assassinado na instituição e que deseja que ele execute sua vingança. Uma outra visão do lado sobrenatural do terror.


O corpo


Olha a Belén Rueda aí de novo! Aqui é assim, uma cousar puxa a outra.

Se joga na Netflix porque esse suspense maravilindo está lá te esperando
. Vou ser breve aqui, porque não dá pra falar muito da trama sem jogar spoiler, e O corpo merece ser visto sem que haja qualquer interferência que atrapalhe a experiência.

O corpo de uma mulher desaparece misteriosamente do necrotério sem deixar qualquer vestígio. O Inspetor Jaime Peña, então, passa a investigar o estranho acontecimento com a ajuda de Alex Ulloa, o viúvo da mulher desaparecida.


Crimes temporais


ALERTA DE FILME MINDFUCK.

Se você tem preguiça de longas assim, tipo Amnésia, Donnie Darko e Cidade dos sonhos, pode pular pro próximo da lista.

Crimes temporais é uma ótima produção de baixo orçamento (again, rs), contando somente com quatro atores, quatro cenários e uma criatividade sem fim no roteiro, construindo um suspense predominante.

Sinopse: Héctor, um homem de meia idade, entra acidentalmente em um dispositivo que o faz viajar no tempo (sim!!!!1) e retornar uma hora antes. Isso o faz encontrar a si mesmo (sim!!!1), desencadeando situações com consequências incontroláveis.


A profecia


Esqueça aquele filme lançado em 06/06/06 (ai, que meda!) pra fazer buzz. Aquilo é um remake desse aqui. ESQUEÇA AQUELA MELDA.

A profecia, a trilogia original dos anos 1970, é um clássico do terror baseado no livro de David Seltzer (e muito superior a essa versão podre de 2006) que conta a história do nascimento e crescimento do Anticristo.

Quando Kathy Thorn dá à luz um bebê que não sobrevive, seu marido Robert decide protegê-la da devastadora verdade e substitui seu filho por um órfão, que eles batizam de Damien. E esse órfão é ele mesmo, o tinhoso. O horror se inicia no quinto aniversário de Damien, quando sua babá comete um dramático suicídio. A partir daí, rola muita desgraça, muitas cenas memoráveis, até Robert entender que seu filho é o Anticristo da profecia bíblica e desbirocar.

Uma das coisas que mais gosto desse filme, ao contrário do remake, é que o garotinho que fez o papel de Damien era bem novinho e tinha uma mega carinha de anjinho, como vocês podem ver na imagem. Isso fez tudo o que acontecia em cena parecer muito mais perturbador. E o take final é incrível, principalmente porque rolou uma coisa que não estava no roteiro.

Os outros dois filmes da sequência mostram, respectivamente, a adolescência de Damien (quando ele descobre quem é e qual a sua missão) e sua vida adulta, mas achei um cadim fracos se comparados ao primeiro volume.

-
Bom, é isso! Espero que você tenha gostado. Pode ter certeza que uma "Parte II" desse post virá em um futuro não muito distante. ;)

Aproveita agora pra procurar os filmes da lista na Netflix, assistir online ou mesmo fuçar trackers para fazer downloads. Claro que se você tiver uma internet rápida, sua missão vai ficar bem mais fácil. Por isso, se liga na dica: assine GVT - GVT agora é Vivo - e curta muitos filmes e tudo o que você quiser, sempre que quiser.

Auschwitz: o testemunho de um médico

$
0
0
Portão principal de Auschwitz com a inscrição "O trabalho liberta"

Só de ler a palavra "Auschwitz" em qualquer lugar já dá um arrepio na espinha. Isso porque o único acesso que temos às atrocidades ocorridas por lá vem de livros, filmes, documentários, reportagens e entrevistas. Imagine vivendo de perto.

Muito já foi falado sobre o Holocausto, quase à exaustão, em todos esses tipos de mídia. Mas acredito que o livro Auschwitz – O testemunho de um médico, escrito por Miklos Nyiszli, seja uma contribuição diferente. Afinal, além de ter sobrevivido pra relatar à História, o cara viveu no campo de concentração durante meses, com certas regalias, sob comando do conhecido dr. Mengele– que se tornou infame por ter atuado como cientista durante o regime nazista. E, tão importante quanto, o livro serve de registro em uma era que, por incrível que pareça, tem gente com a capacidade de questionar a existência desse genocídio. Aliás, a título de curiosidade: em 2007, entrou em vigor uma lei sancionada pela União Europeia que pune com prisão quem negar o Holocausto. Em 2010, a UE também criou a base de dados europeia EHRI para pesquisar e unificar arquivos sobre o assunto.

Miklos foi um judeu criminologista húngaro antes de trabalhar forçadamente em Auschwitz, como médico do Sonderkommando. Os Sonderkommandos eram os grupos de judeus recrutados assim que chegavam aos campos, obrigados a executar tarefas penosas que os soldados alemães não gostariam de fazer, como enterrar os corpos dos prisioneiros mortos e limpar as câmaras de gás. Em troca, podiam comer melhor que o restante dos judeus, vestir-se bem, tomar banhos e dormir em locais mais decentes, mas eram eliminados a cada 3 ou 4 meses para dar lugar a novos grupos. Agora, imagine só como devia ser para os Sonderkommandos ter que lidar com a morte de seus companheiros diariamente, ou até acabar encontrando um, pai, mãe ou filho entre os cadáveres? PESADÍSSIMO, terrível, cruel demais.

O maior trabalho de Miklos era realizar autópsias, cujos relatórios eram recebidos pela equipe do dr. Mengele. Seu principal objetivo com esses procedimentos era realizar pesquisas, principalmente com gêmeos, para tentar encontrar "anomalias" que justificassem a propaganda de que a "raça" judia era inferior. Certa vez, Miklos identificou uma doença congênita nos músculos e raquitismo retardado manifestada por uma deformação nos pés de um prisioneiro; ou seja, nada fora do comum, mas que se tornou material valioso nas mãos de Mengele.

"Longe de ser uma anormalidade extraordinária, aquilo é comum a milhares de homens de todas as raças e climas. Mesmo um médico de clínica reduzida, frequentemente se depara com isso. Mas os dois casos, por sua própria natureza, poderiam ser explorados na propaganda. A máquina de propaganda nazista nunca hesitou em mascarar suas mentiras monstruosas com uma face científica. O método sempre funcionara, pois aqueles a quem a propaganda era dirigida tinham pouca ou nenhuma faculdade crítica, e aceitavam como fato consumado tudo que trazia o selo do regime."

Só mais uma das bizarrices que aconteciam lá. Miklos relata que reconhecia que o que fazia em seu trabalho não se tratava de um instituto de ciência, mas de uma pseudociência. Quando não ajudava involuntariamente Mengele a construir a origem dos nascimentos duplos ou a teoria da degeneração dos anões e aleijados, ele precisava relatar em suas autópsias as causas de mortes de diversos prisioneiros, relacionadas na maioria das vezes à fome, exaustão e péssimas condições de higiene, como a desinteria.

"A disenteria é causada pela aplicação da seguinte fórmula: pegue qualquer indivíduo — homem, mulher ou criança inocente — arranque-o de seu lar, ponha-o junto com centenas de outros num vagão fechado no qual um balde de água foi anteriormente colocado de maneira estratégica, e os remeta, depois de terem passado seis semanas num gueto, para Auschwitz. Ali empilhe-os aos milhares em barracões que não serviriam nem de estábulos. Como comida, dê-lhes uma ração de pão dormido feito de castanha silvestre, uma espécie de margarina cujo ingrediente básico é linhita, trinta gramas de chouriço feito de carne de cavalo doente que, no total, não excederá a setecentas calorias. Para ajudar a descer essa ração, meio litro de sopa feita de urtiga e ervas daninhas, sem nenhum sal, nenhuma gordura e nenhum cereal. Em quatro semanas a disenteria invariavelmente aparecerá. Três ou quatro semanas mais tarde o paciente estará 'curado', porque morrerá, apesar de qualquer tratamento que possa receber dos médicos do campo."

Capítulos chocantes não faltam no livro. Além da desumanidade atordoante presente em todos os detalhes, em toda a rotina dos prisioneiros – sejam Sonderkommando ou não –, há a comoção profunda do leitor em relação àqueles que, mesmo conscientes de que não haveria portas de saída em Auschwitz, tentavam deixar mensagens contando os horrores do lugar, enterrando-as nos pátios dos crematórios ou escondendo-as em objetos para serem entregues a soldados do SS. Os prisioneiros mais inocentes, incertos de seus destinos, eram orientados a enviarem cartões postais para a família (porém, proibidos de mencionarem Auschwitz ou Birkenau , apenas Am Waldsee, uma cidade de veraneio localizada perto da fronteira suíça). As respostas eram queimadas.

Se já temos relatos suficientes que comprovam que judeus eram tratados como qualquer coisa na Alemanha nazista, menos como gente, pense que um dos hobbies do dr. Mengele era colecionar pedras renais dos mortos. Por isso, a ordem entre os médicos patologistas do Sonderkommando era a de retirar pedras quando descobertas nos cadáveres em dissecação, lavá-las e guardá-las. Repugnante, eu sei.

Lembrando que não há como criticar uma narrativa aqui, um "storytelling". Quer dizer, até dá, mas quem quer? Miklos era médico, não escritor, e a relevância de "O testemunho de um médico" não é ser um livro autobiográfico bem escrito. Repito: é um registro histórico. Aliás, tive a impressão de que os momentos em que Miklos se sentiu mais à vontade foi quando narrou as sessões de autópsia, descrevendo detalhes de procedimentos, órgãos e algumas doenças – provavelmente por ser a área que ele mais tinha domínio, e também por ser uma forma de resgatar sua humanidade e identidade que existiam fora de Auschwitz. De qualquer forma, num geral, as alegorias e contextualizações de cenas são rasas, mas seu trabalho não deixa de ser valioso por isso.  

Se você tem a cabecinha forte no lugar e não se impressiona fácil (eu me impressiono relativamente fácil, mas não a ponto de rejeitar uma leitura do tipo, por exemplo), dá para baixar o livro gratuitamentebem aqui.

"Nós aprendemos que tudo é efêmero e que nenhum valor é absoluto. A única exceção à regra: a liberdade."

Filmes da semana #9: filmes coreanos surpreendentes

$
0
0

Ó, já falei pra parar de preconceito bobo com filme oriental, né? E pra sair dessa bolha de Netflix porque ela, apesar de maravilhosa, não é a guardiã de todos os grandes filmes do mundo. Tem muita obra legal esperando pra entrar na fila do seu uTorrent.

POIS BEM.

Se seu último contato com coreanos tem a ver com a Sun de Sense8 ou com o cara que vende óculos de sol no calçadão, aproveita o Filmes da Semana da vez porque as indicações são três ótimos longas sul-coreanos que podem abrir seus olhos (escrota) para o cinema do lado de lá.


Train to busan


Train to busan, mais conhecido na minha mente como TREM PRO BUSÃO ou no título oficial brasileiro INVASÃO ZUMBI (cof, cof, gasp bleeerrrgh me leva, Deus), como este último sugere, é um filme sobre zumbis.

Calma, não passe para o próximo da lista ainda. Eu mesma nunca fui fã de histórias com zumbis, mas esse me fisgou (REC e Guerra Mundial Z também constam na patota). Train to busan conta a história de um gestor financeiro do tipo que dá mais importância pro trabalho do que pra família, completamente egoísta e distante, que vai levar a filhinha pra casa da ex-esposa pegando um trem de Seul para Busan. Segundos antes das portas dos vagões se fecharem, uma mulher infectada por vocês sabem o quê entra às pressas tentando fugir de vocês também sabem o quê, causando o velho e conhecido caos na Terra.  

Mas os zumbis aqui são diferentes dos de The walking dead, por exemplo: andam bem rapidinho, gerando uma angústia e sensação de perigo e urgência muito maiores. Train to busan também chama a atenção porque tem uma carga dramática muito forte girando em torno de seus personagens centrais, todos muito carismáticos: as irmãs idosas e unidas, o casal que está esperando um bebê, os amigos adolescentes que protegem um ao outro e, principalmente, o babaca rico e a filhinha coisa-mais-linda-do-mundo (atuação monstra, inclusive) que o ensina a ser altruísta e a se sacrificar pelos outros.

Enquanto tenta escapar dos zumbis DENTRO do trem (porque do lado de fora a situação está pior ainda), o grupo mantém a esperança de chegar em um lugar seguro e livre da violência. Mas Train to busan só deixa as cenas tensas e ameaçadoras de lado somente quando chega ao fim, literalmente. E eu chorei.



Oldboy


Guarde o nome do diretor desse filme pra posteridade: Park Chan-Wook.

Aliás, é provável que você já tenha no mínimo ouvido falar desse filme, ou ao menos do remake americano de mesmo nome, lançado em 2013. Eu, que sou uma vergonha, só assisti a Oldboy nesse último fim de semana. O filme segue a história de Oh Dae-su, um sujeito que, após ser solto da cadeia depois de uma bebedeira no dia do aniversário de sua filha, é sequestrado e mantido em cativeiro dentro de um quarto por 15 anos. Sem saber quem fez isso, e muito menos o porquê, Oh Dae-su nutre um profundo sentimento de vingança e jura que irá desgraçar a vida de seu algoz assim que o descobrir.

Mas ele nem precisa fazer (tanto) esforço pra escapar, porque o sequestrador o liberta justamente para que Oh Dae-su possa entender sozinho as motivações do crime e tudo o que aconteceu. Aos poucos, nosso protagonista anti-herói percebe que se encontra em uma trama sinistra que vai levá-lo de volta ao passado, onde um simples erro foi suficiente para determinar as vidas de algumas pessoas.

Falei misteriosamente assim porque quanto menos souberem sobre Oldboy, melhor. Se prepara, porque os plot twists do filme são de cair o queixo. Segure bem seus "puta que pariu" se estiver assistindo com a sua avó. Aliás, melhor não. Oldboy não é do tipo que deve ser assistido junto de avós, e você vai me dar razão.

(Oldboy é a segunda parte da Trilogia da Vingança, antecedida por Mr. Vingança e seguida por Lady Vingança, os quais pretendo assistir o mais breve possível.)



The handmaiden


Taí o mais recente filme de Park Chan-wook, um dos candidatos à Palma de Ouro desse ano, também repleto de plot twists sensacionais e que definitivamente não deve ser assistindo junto de seus avós.

Acho que menino Park andou gostando de dirigir uns filmes nessa pegada.

The handmaiden (no Brasil se chama A criada) é baseado no livro Fingersmith, de Sarah Waters, que também ganhou uma adaptação para um filme para TV, exibido na BBC (aqui, é conhecido como Falsas aparências). Eu já tinha assistido quando era adolescente, mas graças aos deuses me esqueci do principal da história, porque assim pude desfrutar das reviravoltas maravilhosas de The handmaiden como se fosse a primeira vez. Essa versão sul-coreana tem uma estética bastante diferente, com cenas mais OZADAS e brutais (é o Azul é a cor mais quente asiático, risossss), e algumas diferenças/invenções muito bem-vindas. E, novamente comparando com Oldboy, quanto menos você souber do enredo, melhor.

A trama se passa na Coreia do Sul nos anos 1930, durante a ocupação japonesa. A jovem Sookee é contratada para trabalhar para uma herdeira nipônica, Hideko, que leva uma vida isolada ao lado do tio autoritário. Só que Sookee guarda um segredo: ela e um vigarista planejam desposar a herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com o plano, até que Sookee se apaixona por ela.

A direção desse filme é uma coisa maravilhosa. Fotografia belíssima, direção de arte incrível, atuações memoráveis e um puta roteiro. Que conjunto, minha gente.


7 motivos para assistir Westworld, a nova série da HBO

$
0
0

Se você num tá nem sabendo de nada, deixa eu apresentar: Westworld é a nova série que estreou na HBO no dia 2 de outubro, inspirada no filme de mesmo nome lançado em 1973 e dirigido por Michael Crichton. Ainda estamos no episódio 4 dos 10 previstos para essa primeira temporada, mas é certo que a série já conseguiu fisgar a atenção de uma boa fatia de espectadores, especialmente nessa época de hiatus de outras séries. Dizem, inclusive, que Westworld chegou para ocupar o vazio que Game of Thrones deixará em nossos corações, agora que seu fim se aproxima. Se é verdade, eu não sei, mas eu já trouxe alguns bons motivos pra você começar a acompanhar a história:


1. Essa é a mistura do Velho Oeste com Sci-fi  


Tem que ter charme pra dançar boniiiiito! (não rima, foda-se)

Eu confesso que nem Velho Oeste e nem Sci-fi são gêneros que me atraem. Mas em Westworld essa junção parece beeem promissora, ainda mais com esse ingrediente que eu amo tanto chamado mistério. Não tem nada de viagem no tempo e nem extraterrestres invadindo saloons; a história é a seguinte: Westworld é um PARQUE DE DIVERSÕES temático ultramoderno do futuro e ambientado no Velho Oeste (arrá), que recebe "jogadores" milionários de todos os cantos para literalmente viver o personagem que quiserem nesse mundo particular. Por 40 mil dólares por dia, você escolhe sua roupa, sua arma, seu chapéu e vive aventuras junto de muitos outros personagens que estão em Westworld especialmente para servi-lo: bandidos, prostitutas, donzelas, mocinhos, padres, bêbados, caçadores de recompensa e por aí vai. O detalhe é que esses personagens do jogo, apesar de serem exatamente iguais a humanos na aparência e no comportamento, na verdade são androides fodasticamente construídos para viver roteiros próprios dentro de seus universos. Jogadores humanos não podem morrer em Westworld, mas podem "matar" os androides; eles nunca se lembram das várias vidas que vivem justamente por não terem consciência e nem lembranças, sendo limpos, reestruturados e analisados diariamente.

Mas algo nos diz que isso está para mudar.

Esse é o grande lance de Westworld. À medida que passamos a sentir empatia pelos androides e algum nível de identificação – afinal, eles choram, sentem dor, sangram e têm suas próprias histórias como se fossem um de nós –, eles começam a ter sinais de que estão se recordando de outros dias que viveram e morreram, lutaram, conversaram e se envolveram com outros androides e jogadores. Mais: estão começando, de algum modo, a desenvolver consciência. Quais serão as consequências disso para os criadores do parque e para os jogadores que estão lá?


2. J. J. ABRAMS É O PRODUTOR EXECUTIVO


Não vou dizer que tudo em que J. J. Abrams toca vira ouro porque Revolution e Alcatraz foram canceladas (rs). Mas o cara é superconhecido na indústria de filme e TV, principalmente por ter cocriado, produzido e roteirizado Lost (o maior amor e maior decepção "serística" da minha vida) e, mais recentemente, por ser o cabeça da equipe de Star Wars – O despertar da força. Tem muito mais coisa famosa na carreira dele, tipo Super 8, Alias, Cloverfield, Fringe, Armageddon e Star Trek. Ou seja, o cara é pica das galáxias e sabe muito bem o que faz. Com ele como um dos produtores de Westworld, a série tem muito potencial pela frente.


3. Jonathan Nolan é um dos criadores


Você talvez não conheça JONATHAN, mas conhece CHRISTOPHER Nolan, simplesmente o ser humano responsável pela direção de A origem, O grande truque, Amnésia, a trilogia do Batman e Interestelar. Jonathan e Christopher são irmãos e de duas, uma: ou talento vem de berço, ou os dois trocaram muitas figurinhas ao longo de suas carreiras.

O caçula, que assina o roteiro de Westworld junto da esposa, Lisa Joy, também escreveu os roteiros de vários dos filmes que Chris (íntima mesmo) levou às telas; Amnésia foi baseado em um conto de sua autoria, ele adaptou o livro The prestige para O grande truque, se encarregou de O cavaleiro das trevas e escreveu Interestelar depois de meses estudando física. Preciso dizer mais alguma coisa? PRECISO, Brasil?

Acho que não.


4. Olha esse elenco, querido



O melhor elenco de série recente que você respeita. Por onde começar? Talvez pelo ganhador do Oscar por O silêncio dos inocentes, Anthony Hopkins? O eterno Hannibal Lecter interpreta Robert Ford, o proprietário de Westworld, que não faz muito esforço pra ganhar nossa afeição, mesmo que não saibamos muito a seu respeito. Ed Harris, outro premiado e veterano ator que esteve em O show de Truman, Pollock, Apollo 13 e As horas é um personagem mega misterioso que chamamos de Homem de Preto – um jogador com experiência de fucking 30 anos em Westworld. Evan Rachel Wood, quem concorreu ao Globo de Ouro quando tinha apenas 16 anos pelo filme Aos 13, tem no seu currículo Once and again, Across the universe, True Blood e um relacionamento com Marilyn Manson (rs); aqui, faz o papel de Dolores, uma androide delicada, romântica e muito apegada à vida na fazenda que aos poucos desperta para a sua verdadeira origem.

No elenco ainda temos James Marsden, Thandie Newton, Jimmi Simpson, Ben Barnes e...


5.  Ah, tem o Rodrigo Santoro!       


Tcharam! Você não precisa ser fãzoco do cara pra poder prestigiar o trabalho de um artista brasileiro em uma série gringa de potencial sucesso, né? E olha que coisa boa: o personagem dele APARECE e TEM FALAS RELEVANTES. Não vai ser aquela participação porca que foi em Lost e deixou a gente chupando dedo. Bom, pelo menos é o que tudo indica.

Santoro vive Harlan Bell, um androide aparentemente estilo canalha de bom coração, meio Sawyer Ford, que ainda não se revelou totalmente mas já deixou um gostinho bom.


6. Mistérios e teorias


Labirintos? Consciência? Realidade alternativa? Revolução das máquinas? Homem de preto? Há um androide entre os funcionários humanos de Westworld? Arnold ainda está vivo de alguma forma?

Eu não sei você, mas eu me amarro em histórias que plantam sementinhas de charadas, mistérios e outros questionamentos que deixam o espectador com a pulga atrás da orelha. Westworld não é nenhum Lost da vida, que mostrava monstros de fumaça bizarros, ursos polares em ilhas desertas ou acontecimentos loucos que só tinham (e se tinham) explicação 3 temporadas depois, mas já tem pano pra manga suficiente pra que novos fãs comecem a criar teorias.


7. Westworld já tem um final definido


Poucas coisas são tão ruins quanto séries que ganham novas temporadas encomendadas por causa da audiência e enchem uma linguiça danada, com histórias que não acrescentam em nada ou acabam estragando o que havia sido construído até então.

Em contrapartida, uma das coisas que mais gostei em Breaking Bad, por exemplo, foi que a trama era redondinha e contou tudo o que tinha pra contar com perfeição em suas cinco temporadas. E olha que coincidência: Westworld também está planejada para acabar na quinta temporada. A série ficou em desenvolvimento durante três anos e sofreu atrasos em sua estreia justamente porque J. J. Abrams queria que tudo fosse acertado para a história ter o fim que a equipe planejou. Ou seja, grandes chances de uma conclusão no mínimo coerente e decente, ainda mais se é o Nolan escrevendo. 


Eu poderia adicionar um bônus enfatizando que Westworld ainda está no início, então dá tempo de você assistir o que já foi exibido e começar a acompanhar a galera – isso SEMPRE é um chamariz pra mim, que tenho resistência em começar séries novas. De qualquer forma, acho que esses sete motivos já são suficientes pra ver que a nova aposta da HBO tem tudo pra decolar. Se você chegou até aqui e já assistiu a pelo menos algum episódio, comenta aqui embaixo o que achou. :-D

Escuridão total sem estrelas - Stephen King

$
0
0

"As histórias neste livro são chocantes. Você pode ter achado difícil lê-las em alguns momentos. Se foi o caso, posso lhe assegurar que também achei difícil escrever as histórias em alguns momentos."

Eu adoro os contos do Mestre King. Alguns deles, inclusive, são tão memoráveis que viraram filmes ótimos, como Um sonho de liberdade (baseado em Rita Hayworth e a redenção de Shawshank), Conta comigo (baseado em O corpo) e O nevoeiro (baseado no conto de mesmo nome). Os dois primeiros você encontra no livro Quatro estações.

Os contos de Escuridão total sem estrelas, na minha opinião, não batem esses três aí, mas são todos muito bons. O horror tão típico da carreira de King tem, em duas das histórias, envolvimento com acontecimentos sobrenaturais, mas está predominantemente relacionado com pessoas comuns, como a gente. Do que as pessoas são capazes? Quais são os seus limites? Será que conhecemos tão bem uma pessoa a ponto de "colocarmos a mão no fogo" por ela? Não parece possível que o rapaz que ajuda idosos a atravessarem a rua seja, secretamente, um serial killer?

Parece.

O primeiro conto, 1922, coloca uma família de agricultores de Hemingford home em uma tragédia bizarra. Wilfred e Arlette James são donos de 100 acres, e começam a viver em discórdia porque a esposa está decidida a vendê-los para uma companhia. À medida que os dias passam, Wilfred percebe que só há uma solução para conseguir manter as terras: matar Arlette. Para isso, ele envenena o único filho, Henry, a fim de ter um cúmplice e ajudante. E Wilfred, apesar de cometer um crime horrível, é um cara completamente comum que acreditava que esse pecado seria compensado pelo futuro que ele e o filho teriam em sua próspera fazenda. No entanto, a angústia e mesmo culpa que os assolaram nos dias seguintes não foram páreas para a sucessão de consequências terríveis de seus atos.

O conto é contado (rs) do ponto de vista de Wilfred e em forma de confissão, muitos anos depois de 1922. E é, pra mim, a melhor história do livro. Não só porque King batizou uma personagem de Rhoda Penmark, haha.  
"Os ratos a encontraram... e daí? Eles não encontram todos nós no fim? Ratos e vermes? Mais cedo ou mais tarde, até mesmo o mais sólido dos caixões acaba se rompendo e deixando a vida entrar para se alimentar da morte."

Notícia boa: 1922 está sendo adaptado PELA NETFLIIIIIIXXX, com direção de Zak Hilditch e Thomas Jane e Molly Parker no elenco. Mal.posso.esperar. 

Em Gigante no volante, Tess é uma escritora de suspense leve que vem suplementando sua renda por anos, servindo como oradora em alguns eventos. Em um compromisso de última hora, Tess vai fazer uma palestra na cidade de Chicopee. No caminho de volta para casa, ao pegar um atalho, o pneu de seu carro estoura e ela é ajudada por um cara aparentemente gente boa, mas que acaba por estuprá-la e deixá-la abandonada para morrer. Tess consegue voltar para casa e, enquanto seu medo e desespero dão lugar à raiva, ela se vê cada vez mais disposta a botar em prática um plano de vingança.

Segundo conto que mais gostei. O horror está realmente presente em pessoas de quem nunca desconfiaríamos. Especificamente nos casos de estupros, isso é uma estatística assustadora, já que na maioria dos casos os estupros são cometidos por homens próximos de nós, e não por "monstros psicopatas"à espreita num arbusto. Pessoas comuns. E não porque gostem demais de sexo, já que estupros não têm nada a ver com sexo, e sim porque gostam de ter poder sobre o corpo feminino. Apesar das circunstâncias da vida do estuprador soarem não tão comuns assim, Stephen King posiciona essa questão muito bem no conto, principalmente em um diálogo entre Tess e uma outra personagem feminina. 
"Mulheres em todos os cantos do mundo estão sendo estupradas enquanto falamos. Meninas também. Algumas que, sem dúvida, possuem bichinhos de pelúcia preferidos. Algumas são mortas, outras sobrevivem. Das que sobrevivem, quantas você acha que denunciam o que aconteceu?"

O terceiro conto, e o mais curto, se chama Extensão justa e se passa em Derry. Ah, saudosa Derry, terra do Clube dos Perdedores e do palhaço Pennywise. Inclusive até suspeitei que ele fosse o vilão aqui também, mas King no posfácio tirou meu cavalinho da chuva ao mencionar o falecido Pennywise. Murchei como uma balão de festa esquecido no teto há 3 dias, mas tudo bem.

Anyway, Extensão justa conta a historinha de Dave Streeter, um cara que sofre de câncer em estágio terminal e, portanto, sabe que tem pouco tempo. Em um dia comum passeando fora de casa, ele resolve dar trela para um vendedor de quinquilharias na rua, que lhe oferece um "prolongamento de vida". Como tudo nessa vida tem um preço, esse negócio não foge à regra. Será que Streeter vai aceitar a proposta de poder viver mais, em troca de prejudicar a vida de um outro alguém? Esse conto vai mostrar pra você que o ser humano é um demoniozinho ambicioso. Como dizem mesmo? Dê o poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é.

(Curiosidade pra quem leu A Coisa: a vizinha de Streeter é a sra. Denbrough, mãe de Bill Gago.)
"Você precisa transferir esse peso. Em outras palavras, você tem que passar o mal adiante, se o mal for retirado de você."

Por fim, o último conto: Um bom casamento. Darcy e Bob Anderson são um casal feliz e em harmonia, juntos há 27 anos. Num belo dia, enquanto Bob viajava à trabalho, Darcy encontra acidentalmente uma caixa misteriosa na garagem de casa. O que ela descobre lá dentro vai mudar completamente a percepção que ela tinha sobre sua própria vida a dois; e a reflexão sobre o que ela precisa fazer a seguir vai influenciar não só seu casamento, mas a vida de seus filhos e a sua própria.

No começo deste post eu perguntei se é possível conhecer tão bem uma pessoa a ponto de por a mão no fogo por ela. Bom, talvez a gente pense na questão um pouquinho. Darcy, definitivamente, não: se antes ela tinha certeza de quem era Bob, após a caixa não fazia mais tanta ideia assim. Uma história muito bem amarrada em que vemos Stephen King brincar genialmente com o cotidiano e nossos hábitos, de forma que a gente consiga se projetar muito rápido nos personagens e no contexto.

(Outra curiosidade pra quem leu A Coisa: Bob é guia de escoteiros, e um de seus pupilos se chama Stan. Não creio que seja só um nome qualquer que King tirou da cabeça. :P)   
"Sei como vocês estão se sentindo mal, mas o sol ainda vai nascer amanhã. E quando isso acontecer, vocês vão se sentir melhor."
Em 2013, Peter Askin adaptou o conto para o cinema, chamado A good marriage. Já tá na minha lista pra conferir, claro.


Por fim, um elogio à edição da Suma de Letras: ficou chou o trabalho, com a capa, título e bordas das páginas todas pretas. Um livro de escuridão total. Parabéns aos envolvidos.


"...acredito que a maioria das pessoas é essencialmente boa. Sei que eu sou. 
É quanto a você que não tenho tanta certeza."

Viewing all 172 articles
Browse latest View live